Obsessão
* Por
Carmo Vasconcelos
Quem
me dera ser lenho, musgo ou seixo
Impassível,
sem dor, sem dependência
Do
conturbado mundo ser o eixo
Ereto,
sem tremor, sem turbulência
Quem me dera ser astro, chuva ou vento
Ignorante
de amor, da sua ardência
Bastar-me
o céu azul como alimento
Imune
a esta fome sem clemência
Fosse eu um vegetal em apatia
Insensível
à dor da solidão
Que
decerto o amor não buscaria…
Fosse eu despida desta obsessão
Que
jamais para ele eu correria
Fosse
eu oca de sangue e coração!
Nota: 1º Prémio
"Soneto" - Jogos Florais do Cenáculo Literário Marquesa de
Valverde/1999
*
Maria do Carmo F. Vasconcelos de Figueiredo é poetisa portuguesa
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