domingo, 4 de agosto de 2013

Obsessão

* Por Carmo Vasconcelos

Quem me dera ser lenho, musgo ou seixo
Impassível, sem dor, sem dependência
Do conturbado mundo ser o eixo
Ereto, sem tremor, sem turbulência

Quem me dera ser astro, chuva ou vento
Ignorante de amor, da sua ardência
Bastar-me o céu azul como alimento
Imune a esta fome sem clemência

Fosse eu um vegetal em apatia
Insensível à dor da solidão
Que decerto o amor não buscaria…

Fosse eu despida desta obsessão
Que jamais para ele eu correria
Fosse eu oca de sangue e coração!

Nota: 1º Prémio "Soneto" - Jogos Florais do Cenáculo Literário Marquesa de Valverde/1999

* Maria do Carmo F. Vasconcelos de Figueiredo é poetisa portuguesa


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