Fernanda Takai
* Por Everi Rudinei Carrara
Pois é, Fernanda Takai, a cantora da banda Pato Fu, depois de lançar um
disco solo maravilhoso homenageando a saudosa e divina Nara Leão, lança também
seu primeiro livro de contos e crônicas, o emblemático Nunca subestime uma
mulherzinha.
E dá pra subestimar uma mulherzinha que ao lado do Pato Fu lançou recentemente
o precioso disco Daqui pro Futuro e Onde brilhem os olhos seus (solo de
Fernandinha)?
Ela é mãe, viaja pelo mundo afora em turnês e é amiga de artistas de
Portugal (banda Clã), e outras bandas e artistas como Érika Machado. Ela é
ainda a autora desse livrinho de pouco mais de 100 páginas deliciosas. O livro
desde a concepção da capa, é todo simples e bonito de se ver, ler e
"ouvir", sim, porque em cada texto de Fernanda Takai pareço ouvir a
sua voz doce embalando os textos delicados; e agridoce para os momentos de
perdas repentinas de animais de estimação, objetos e pessoas.
São conversas mineiras de uma mulherzinha do Amapá, que desembocam nos ancestrais do Japão, vejam vocês. Os relatos tomam seu curso livre como as águas de um riozinho beijando as margens mais adversas, transpondo obstáculos que impeçam o fluxo das águas e da vida cotidiana, repletas de palavras e silêncios valiosos.
Os contos e crônicas tratam dos acontecimentos, dos amigos, do sentimento materno, dos irmãos, dos professores inesquecíveis, coincidências, humor, lágrimas.
É um bom começo literário para Fernanda Takai abordar no texto essas experiências singelas, partindo da realidade próxima para encontrar a poética nos detalhes e quem sabe alçar vôo até a essência, poetizando objetos e pessoas como faziam os poetas beats, como também os poetas nordestinos do cordel.
O bonito é que nos relatos de Fernanda Takai há uma mensagem sutil e um movimento sinuoso de ideais, tal qual uma linda canção pop.
O marido John Ulhoa ajudou na revisão dos textos. A brilhante Zélia Ducan prefaciou o livro e a Pandabooks o editou - embalando os textos com a simplicidade e a beleza necessária para ser lido, vivenciado para quem pretenda chegar sem pressa ao final da leitura.
Essa doce mulherzinha poderá ir mais além. É esperar pra ver e ouvir as coisas acontecerem naturalmente. Talvez o nascimento da filha tenha influenciado Fernanda a escrever dessa forma tão direta, confessional, sem rodeios ou meias palavras, porque as crianças sempre nos influenciam.
Há algo nesse livro que me lembrou as antigas canções dos Carpenters ou o charme da concepção caseira das composições de Paul McCartney nas letras dos seus primeiros discos. Parece que Fernanda aprecia esses paraísos da música pop também.
* Poeta e crítico musical.
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