As árvores do Recife e as meninas da China
* Por Clóvis Campêlo
Se é verdade que o prefeito de Nova York está plantando um milhão de árvores pelas ruas da cidade americana, por que não fazermos o mesmo no Recife?
Apesar de ainda ser uma
cidade bem arborizada, a nossa Mauriceia há muito teve a sua cobertura vegetal
primitiva modificada pela invasão de árvores exóticas e estranhas à flora
natural da Mata Atlântica.
Assim, entendo que
replantar a cidade seria devolver ao seu solo estas espécies perdidas ao longo
dos anos.
Quem sabe, assim,
restaurada a sua flora, não teríamos também de volta a fauna sumida? Ao menos
os pássaros que ocupavam os nossos quintais nos anos que já se foram e que não
voltam mais: cibitos, sanhaçus, canários, curiós, patativas goladas e choronas,
papa-capins, caboclinhos, sangue-de-boi e outros tantos que perderam espaços
para os pardais alienígenas.
Repensar a cidade
também pode passar por aí.
Mudando de assunto, nos
últimos dias a imprensa brasileira tem falado muitas bobagens sobre a China.
Por conta da Olimpíadas de Pequim, talvez.
Essa história das duas
chinesinhas cantoras, por exemplo, a que cantou e a que encantou, é uma delas.
Eu, porém, com a minha
ingenuidade de caboclo recifense, acho apenas que o talento de uma complementou
o talento da outra com sucesso e bom-gosto. E ambas sorriram felizes, no final
feliz. Afinal, o espetáculo não pode parar.
O ideário do mundo
ocidental moderno gosta de se alimentar destas besteiras sem fundamentos e suas
falsas indignações.
Enquanto isso, na sala
de injustiças, os vereadores do Recife estão saqueando o erário público
municipal...
E haja saco para
aguentarmos tudo isso.
*
Poeta, jornalista e radialista
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