segunda-feira, 10 de junho de 2013

O combate pelo sangue dos antepassados

* Por Talis Andrade

O corpo e tudo o que pertence aos mortos da tribo dos yanomami deve ser destruído para permitir o repouso dos seus espíritos.

Uma longa luta pela defesa de um aspecto essencial da cultura dos índios yanomami está perto do fim. Amostras de sangue recolhidas nos anos 60 no quadro de uma investigação antropológica vão ser devolvidas. "A ciência não é um deus que sabe o que é melhor para todos", diz o xamã da tribo.

Sangue recolhido pela equipa de Chagnon, hoje disperso por quatro Universidades americanas e no Instituto Nacional do Cancro, em Bethesda, no Maryland, é reivindicado pelos yanomami desde 2000. Estes argumentam que os dadores dos anos 60 já morreram todos, mas os seus espíritos continuam a vaguear pela floresta amazônica, estando presos a este mundo pelo sangue que permanece nos EUA.

Entre os yanomami, os mortos assim como todos os seus bens, devem ser cremados para assegurar que os seus espíritos possam descansar no final da vida.

* Escritor, jornalista, colaborador do Observatório da Imprensa, membro da redação de La Insignia, na Espanha. Publicou o romance “Os Corações Futuristas”, cuja paisagem é a ditadura Médici, “Soledad no Recife” e “O filho renegado de Deus”.  Tem inédito “O Caso Dom Vital”, uma sátira ao ensino em colégios brasileiros.


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