segunda-feira, 10 de junho de 2013

Formas de amar a Deus

* Por Roberto Corrêa

Desde menino ficava intrigado com os problemas da vida. Achava bom ir à escola, brincar nos recreios e, no final de semana ir às matinês, principalmente para assistir os seriados do Flash Gordon, Jim das Selvas etc. Naquele tempo ainda não existia televisão no Brasil e assim, as distrações eram mais limitadas

Nas aulas de religião nos informavam que iríamos ter outra vida após a morte e poderíamos ser condenados ao inferno se, ao morrer, tivéssemos cometido pecado mortal e dele não nos encontrássemos arrependidos. Com a carga de informações advindas das aulas de religião preocupava-me muito a frequência das confissões (o que era fácil pela abundância dos confessionários e oportunidades), mas deveras fiquei satisfeito com a preleção de um grande professor de religião na adolescência (irmão marista) que, entre outras coisas, ensinou: “para se ganhar o céu basta observar os mandamentos.”

Então, não se tratava de coisa do outro mundo: para nos salvarmos era suficiente observar os mandamentos. Esses são bastante conhecidos e assim todos podem se salvar, naturalmente se os respeitarem. Ai está o busílis da questão. Enquanto vivermos (e não sabemos se a nossa vida será longa ou curta) deveremos estar atentos para não violarmos aquelas proibições. Não matar, não furtar, honrar pai e mãe, guardar domingos e festas, não tomar seu santo nome em vão, parece que dá para tirar de letra.

A coisa começa a complicar quanto àquele negócio de não pecar contra a castidade; de início não entendemos bem e quando o entendemos nos complicamos todo. Antigamente as explicações eram satisfatórias e o assunto bem reservado; hoje não há escrúpulo nenhum e prolifera todo o tipo de informações, inclusive muitos dando a entender que esse mandamento não mais existe.

Para os adultos não cobiçar a mulher do próximo, não desejar as coisas alheias é uma pauleira que fazem alguns levantarem falso testemunho. Quanto a amar a Deus sobre todas as coisas todo mundo afirma que ama, sem saber se esclarecer bem. Felizmente S. João explica para todos nós: “o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. (1ª epist. de S.João,cap.III, vers. 2e 3) . Portanto, se guardamos os mandamentos, amamos a Deus.

Esses 10 mandamentos que foram reduzidos a dois pelo próprio Jesus, devem ser absolutamente respeitados para que obtenhamos a salvação eterna após a morte. Todo mundo os respeitam, todo mundo se salva? Parece que, nos tempos atuais, ninguém está se incomodando muito com mandamentos – que geralmente implicam em proibições -, pois com a liberação sexual incentivada por diversos movimentos (hippies, Woodstock etc.), inclusive a revolução da Sorbona (é proibido proibir), fica explicado porque o mundo não vai tão bem como se deseja.

Os cristãos que leem a Bíblia encontrarão em Levítico, cap. XXXVI, versíc. 14 e seguintes o que devia acontecer para quem não observasse os mandamentos. Citarei apenas algumas referências mais sugestivas: sofrereis indigência; as sementes serão semeadas em vão, “caireis diante de vossos inimigos”, o “ruído de uma folha volante os aterrará e fugirão dela como de uma espada” e assim por diante.

Tudo nos leva a concluir que, apesar da redenção, o mundo anda tão mal porque o homem não descobriu totalmente que a principal forma de amar a Deus, simplesmente é observar os mandamentos. Esse artigo escrito há mais de dez ano, esclarece a “linha dura” em que as gerações ainda remanescentes foram criadas. Penso, em outro artigo, dissecar este e dar aspectos mais atuais das formas de amar a Deus.

* Roberto Corrêa é sócio do Instituto dos Advogados de São Paulo, da Academia Campineira de Letras e Artes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico, de Campinas, e de clubes cívicos e culturais, também de Campinas. Formou-se pela Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Fez pós-graduação em Direito Civil pela USP e se aposentou como Procurador do Estado. É autor de alguns livros, entre eles "Caminhos da Paz", "Direito Poético", "Vencendo Obstáculos", "Subjugar a Violência”, Breve Catálogo de Cultura e Curiosidades, O Homem Só.


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