E o trânsito?
* Por
Paulo Reims
Creio sinceramente que
a hora já está avançada, mas sempre é tempo de investir contra a violência no
trânsito. São tantas as vidas ceifadas prematuramente e outras tantas
mutiladas, por conta, na maioria, da imprudência, e também pela arrogância de
muitos motoristas.
Confesso que somente
aprendi a dirigir por extrema necessidade. Por onde deveria transitar não havia
outros meios, por tração animal até havia, mas demoraria muito. Por outro lado
não sou muito a favor deste meio de transporte. Também não podia ficar
dependendo de outras pessoas para desempenhar minhas funções, e menos ainda
pagar motorista particular.
Mas verdadeiramente
jamais gostei de dirigir, talvez por medo das violências e tragédias
acontecidas, algumas, por mim, presenciadas. E é importante frisar que naquele
tempo a situação do trânsito não era tão caótica. Sou da época em que se podia
tomar um fusca, e ir dirigindo pela BR 101, atravessar a ponte Hercílio Luz
-não havia outra- adentrar a Ilha, Capital do Estado de Santa Catarina, fazer o
que tivesse que fazer, e voltar em tempo hábil, e sem atropelos.
Hoje você precisa
calcular tudo, e dependendo do horário se pega um enorme engarrafamento. Além
do estresse pessoal, você pode perceber o estresse de muita gente. Todavia,
prefiro o estresse do trânsito lento, uma vez que ele pode ser minimizado
através de uma boa música, ou de boas conversas, quando se está acompanhado.
Terrível mesmo é a
muvuca de quem busca atalho, pois isso só traz mais atrapalho, de quem quer levar
vantagem, criando tensão entre os que ficam aguardando a vez.Quantas doenças,
sofrimentos , mortes e mutilações seriam evitadas se nos programássemos melhor
para as viagens internas, ou para qualquer outro lugar!
Os sinais de trânsito,
via de regra, são pouco observados, dentro e fora das cidades. Desta forma é
necessário que se providencie a instalação de câmeras em todas as ruas e
lugares movimentados. Mesmo desconhecendo o destino das verbas arrecadas com as
multas, é um mal necessário. Quando as pessoas são atingidas no “bolso”, são
levadas a refletir um pouco, e a respeitar os sinais e as leis do trânsito.
Sou a favor de leis
sempre mais rígidas para o trânsito, pois é a vida que está em jogo; é
necessário que os motoristas reincidentes tenham suas habilitações cassadas. É
um grande bem que se presta à sociedade. Todos os motoristas deveriam passar
por um exame psicológico muito sério, antes de obter a carteira de habilitação
para dirigir, pois um veículo é uma arma muito perigosa, que só pode se manejada
por pessoas portadoras de muito equilíbrio psíquico e emocional.
Outro dia parei meu
carro no estacionamento de uma loja para que o vendedor pudesse fixar o suporte
do GPS no mesmo. Como o serviço era rápido, o vendedor deixou a porta do lado
do motorista meio aberta, enquanto realizava tal serviço. Foi o que bastou para
uma senhora chegar e apertar a buzina do seu veículo de forma esquizofrênica. O
vendedor assustou-se e rapidamente fechou a porta do carro. Fiquei encarando a
mulher que não me olhou, assim não pude dizer a ela aquilo que muita gente
precisa ouvir: você deveria ter umas aulas de boas maneiras! Além de grossa,
provocou um ruído muito forte, irritando todas as pessoas que estavam por
perto.
Já que estamos falando
em ruído é importante que os policiais fiquem atentos, pois muitos “motoristas”
os provocam acima dos decibeis permitidos, e muitas vezes no horário do sagrado
repouso.
Seria muito
interessante se as escolas, em todos os níveis, dessem instruções sobre o
trânsito, sempre. A imprensa deveria estar mais atenta, e colaborar na
instrução para bem dirigir. Especialmente as rádios e emissoras de TV teriam um
papel muito importante nesta instrução, usando alguns segundos, de forma
permanente, para educar as pessoas sobre as leis e sinais de trânsito, e também
repassando as boas maneiras para um trânsito tranquilo, em respeito e defesa da
vida.
Quanto a mim,
especialmente quando sou caroneiro, repito sempre: “Dirija devagar, pois tenho pressa de chegar”. Entendeu?
*
Jornalista
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