A
Venezuela e a CIA
* Por Paulo
Reims
Recordo-me de ter
escrito, no início de março deste ano, comentando que a América dita Latina
perdeu um grande líder. Isso mesmo, aquele que o rei da Espanha mandou que se
calasse, pois é somente para isso que servem os reis, para mandar o povo se
calar, tomar o dinheiro dele, e ir matar animais nas suas caçadas esportivas. O
ócio é oficina do diabo, assim não gostam de ouvir a verdade e mandam os que
trabalham ficar quietos e trabalhar. São frases lapidares de quem luta muito
para matar elefantes e outros...
Lá afirmei que o
comandante Hugo Chávez, certamente, tinha seus defeitos, pois quem não os tem?
Porém, mencionei o depoimento de Walter Suter, ex-diplomata suíço na Venezuela,
que afirmou: “Chávez devolveu a dignidade aos excluídos”. Agora havia subsídio
para a comida, uma vez que o dinheiro do petróleo não mais vazava todo para
Miami.
Também dizia que,
especialmente pelo grau de politização dos venezuelanos, o processo político
participativo tenderia a avançar. Mas, ainda chamava a atenção de que era
necessário ficar sempre alerta, pois os “olhos da águia” estão voltados,
também, naquela direção, que tem uma das maiores e melhores reservas de
petróleo.
Realmente, como sempre,
os tentáculos do imperialismo estadunidense estão por toda parte. Os agentes e
adestradores da CIA, Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, estão
em todas as partes, especialmente onde mais lhes interessa, para aumentar seu
poderio econômico e bélico. Não querem perder a hegemonia mundial, custe o que
custar. Para eles o povo é só um detalhe.
Pessoalmente fiquei
estupefato com o resultado que eles obtiveram na Venezuela. Como conseguiram
que milhões de cidadãos(ãs) venezuelanos passassem para o lado daquele que já
fora adestrado pela CIA há mais tempo? Sim, Capriles não passa de um
cachorrinho de estimação que a CIA conseguiu transformar em um cão raivoso e
amedrontador. Sempre ouvi dizer, e acabo crendo realmente, que “um cão é aquilo
que é o seu dono”.
Ele procurou vencer a
qualquer preço. Orientado pela CIA, procurou imitar até o modo de vestir de
Chávez, e se dizia dele sucessor. Ele sabe que Chávez é amado pelo povo porque
fez muito por ele, devolveu-lhe a auto-estima. E com este povo começou a
construir uma Venezuela onde os pobres, a maioria, têm voz e vez. Mas está
claro que ainda existe muito que fazer para que a Venezuela seja a sonhada pelo
seu povo. Também está claro que não se pode construir em uma década aquilo que
foi desconstruído e saqueado durante séculos, pela elite nacional e
internacional.
Que ninguém subestime o
poder avassalador da CIA de enganar, ludibriar e de fazer lavagem cerebral, com
teoria e técnicas “não violentas”. Mas estes agentes não titubeiam em lançar
mãos dos métodos mais crueis e atrozes de torturas para alcançar seus
objetivos. Só para recordar: Bin Laden foi preparado por eles...
Porém, o mais
interessante em todo este processo é que eles conseguem passar para o povão
através, especialmente, da grande imprensa, nacional e internacional, que é
totalmente subserviente ao imperialismo, a ideia de que estão protegendo as
nações e seus respectivos povos. Eles conseguem, com muita facilidade, se
travestir de ovelhas inofensivas.
Certamente muita gente
ainda se recorda do alarde feito no Brasil, pela grande mídia, em 1964. As
Forças Armada Brasileiras, orientadas pela CIA, se fizeram passar como
salvadores da nação e do povo, contra o regime, que denominaram de comunista.
Lembro-me que os menos avisados batiam palmas e choravam de alegria, e, diga-se
de passagem, a maioria era de trabalhadores pobres, por terem sido libertados
das garras do dragão de sete cabeças.
Tenhamos presente que
sete é o número da perfeição. Em contraposição, o capitalismo é o dragão de 666
cabeças, a imperfeição absoluta, a destruir sonhos e esperanças da maioria dos
habitantes deste planeta, que somente quer viver com dignidade e paz.
Porém, para isto são
necessárias algumas reformas básicas, as quais Chávez, com seu povo, iniciou na
Venezuela, e o presidente Maduro quer continuar. Ele já conclamou o povo para
fazer a revolução da revolução, que é outra forma, e até melhor, de expressar
as reformas.
Foi exatamente isto que
João Goulart, deposto pelo golpe de 64, queria fazer a favor do povo
brasileiro: redistribuição de renda, através da reforma agrária; reforma
urbana, com controle dos alugueis, evitando especulações; salário mínimo
calculado sobre as reais necessidades de uma família; reforma da educação, com
escolas gratuitas e com qualidade de ensino para todas as pessoas, em todos os níveis;
nacionalização de setores estratégicos para a economia, com ênfase no setor
petrolífero; controle e limitação na remessa de lucros para o exterior,
especialmente das empresas estrangeiras que atuavam no país; desenvolvimento
das pesquisas e desenvolvimento tecnológico compatível com o desenvolvimento
social; reforma eleitoral; reforma trabalhista, com garantia de organização
para os trabalhadores da cidade e do campo; desenvolvimento de uma política
internacional independente e renegociação da dívida externa, que na época era
astronômica...
Já se passaram quase 50
anos do golpe de Estado. Quantos avanços reais teríamos na vida deste país
continental se o imperialismo tivesse respeitado a nossa soberania e, também,
não tivesse, após iniciadas as devidas reformas, imposto sanções e embargos
econômicos, como soe acontecer com os países que não dobram os joelhos diante
deles?!
Há apenas 10 anos o
imperialismo, quis porque quis – eles mandam, e nós devemos obedecer - invadir
o Iraque, sob o pretexto de que lá havia bombas atômicas escondidas. Fizeram
com que parte do mundo acreditasse em suas mentiras, que passaram a ter cara de
verdades. Está lá um país e um povo destruídos só porque o Tio Sam quis...
Recorda? E até hoje não encontraram as ditas bombas. Mas o petróleo sim...
Voltemos à Venezuela.
Capriles cumpriu seu papel de “mocinho”, gritão, mentiroso e malcriado. E
continua sendo submisso à CIA, incrementando violência, destruição e morte,
afirmando que houve fraudes nas eleições de 14 de abril passado. Busca
incriminar os chavistas pela violência para tornar o país ingovernável,
favorecendo mais um golpe na América Latina. Porém, se ele tivesse vencido por
uma dezena de votos, certamente iria calar à força os chavistas, com todo o
apoio que vem da CIA.
Evidente que eles
conseguiram, com suas falsas verdade, e com seus métodos hipnotizadores,
convencer uma multidão, sempre coadjuvados pelo PIG, Partido da Imprensa
Golpista, de lá e de cá...
Senhoras e senhores,
cuidado com a “Madame Plim Plim” que tem o grande objetivo de nos tornar
obtusos diante da realidade.
A “oposição” quer a
recontagem dos votos, apesar de todos sabermos, pois até o próprio Jimmy
Carter, ex-presidente dos USA, afirmou: “A Venezuela tem o melhor processo
eleitoral do mundo”.
Fiquemos atentos, pois
a direita golpista é terrorista e guerrilheira, sem limites, porque o Tio Sam,
assim o deseja.
Acorda, América! Chegou
a hora de levantar! Chega de violência, injustiça e sangue inocente derramado!
Queremos soberania, vida, dignidade e paz!
Tio Sam, por que te
perguntas pelos motivos que levaram os jovens a explodirem as bombas em Boston?
Também não estamos de acordo com este terror, que eles aprenderam contigo
mesmo. Nós é que te perguntamos: por que continuas a invadir, a matar, a
explodir bombas mais fortes do que as explodidas em Boston? Para, Tio Sam, de
matar milhões de milhões pelo mundo afora, sem compaixão! És um “monstro grande
e forte” e insaciável. Para de ser vampiro dos pobres! Ainda há tempo,
converte-te...
*
Jornalista
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