“Crescei e multiplicai”
* Por Mara Narciso
Boa parte das pessoas passa a vida procurando seu par. Se por um lado os
gays estão querendo se casar, e os detratores dessa ideia não acham necessária
a oficialização daquele amor, por outro os heterossexuais se casam e se
descasam com grande paixão. Mesmo com a quantidade enorme de divórcios, boa
parcela está casada, e até pela terceira ou quarta vez. Casada no papel, como
se diz. E querem a cada dia se casar mais.
Houve um tempo em que a sociedade como um todo não aceitava o sexo fora
do casamento. Então, para resolver esse requisito as pessoas se casavam mais
cedo. Não vai muito longe a época em que, no norte de Minas, as meninas contraiam
matrimônio com 14 ou 15 anos. Quando a civilização tomou pé, era mais comum a
espera pelos 18 anos. Depois na faixa de vinte e poucos e hoje a turma se casa
mais velha, depois dos 30 anos. Querem se formar, ter um bom emprego, uma casa,
viajar, e só então se casar. Os filhos ocupam o último item da lista.
O vestido branco é símbolo de virgindade, exigida para as moças de
antigamente. Para os rapazes o passe era livre. Os costumes foram se
modificando, e antes o que era proibido foi tolerado, depois aceito e por fim,
supõe-se que os casais formados publicamente tenham vida sexual ativa. Não é
obrigatório, sendo que as religiões continuam proibindo constituir “uma só
carne” antes do casamento.
Como não há um cenário hipócrita, as pessoas podem ser autênticas, e o
casamento, em vez de se enfraquecer, toma fôlego. Os que decidem constituir
família escolhem isso de fato, comprometendo-se a construir, formar um lar, ter
filhos. Já não há mais a urgência de antes. Ainda que os descrentes do
casamento torçam o nariz, olhem com desdém e até ironizem sobre quando será a
separação, os casamentos não param de acontecer.
Ainda há meninas e meninos talhados para o grande encontro que é o
casamento. Crescem educados para a tolerância, o respeito, os cuidados consigo
e com o lar, o estudo e o trabalho. E ainda sobra tempo para ser amável,
produzir arte, ser gente de bem em casa e na sociedade. Falo de uma pessoa
específica, Fernanda Nayanne, filha de Josecé Alves dos Santos e Leonora
Aparecida Barbosa Alves. Ela, de 22 anos, acaba de se casar com Tony David
Oliveira.
A Igreja de São Pedro Apóstolo, no Bairro Morada do Parque, estava em
festa e repleta de amigos e parentes para a celebração. Muito branca do chão ao
teto, com iluminação exuberante, era singeleza e harmonia para receber o casal
de nubentes. Destaques para a simpatia da noiva, num vestido e maquiagem
adequados ao seu estilo espontâneo e natural e a música.
Quem celebrou o sacramento foi o Pároco Padre Marcos Simões. Por se
tratar de um casal de músicos e cantores, a orquestra não tocou, nem a cantora
cantou, e sim os homenagearam com música esplendorosa que ecoou por toda a
nave. Tratam-se dos jovens do Ministério de Música, componentes da recém-criada
Banda de Música Municipal, e músicos do 10º BPMG coordenados pelo maestro
Josias.
É lugar-comum falar das emoções dos pais, e da noiva, que às vezes
chora, porém é preciso que reflitamos sobre isso. Criam-se filhos para o mundo,
e a grande revoada se dá no momento do casamento. Chora-se de alegria e se
coloca fé no amor dos dois. Que o casal se ame, se aceite, compreenda um ao
outro e construa uma vida boa para ambos e para os que virão. Que haja
tolerância e paciência, que assim o amor vencerá. Em torno de uma família feliz
reina a ordem e distribui-se o equilíbrio. Toda a sociedade se beneficia.
Casar é bom. É um renovar, é um renascer para um novo caminho, uma nova
existência. É aprender junto ao companheiro a construir e a dividir. Caretice,
ingenuidade, excesso de antiguidade? Abarrotados das malignidades que os
humanos estão impondo a nossa volta, é bom ter o amor como protagonista.
Sentimentos podem desabar, exceto o maior de todos. Mirando o amor, pode-se
ressuscitar a esperança. Quem se casa está impregnado dela, de luz e de
alegria. Aproveitemos a imagem da felicidade, pois quem vê a cena se contamina
todo. É a nossa oportunidade.
*Médica endocrinologista, jornalista
profissional, membro da Academia Feminina de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico, ambos de Montes Claros e autora do livro “Segurando a
Hiperatividade”
O casamento nunca perde (ou perderá) o seu glamour.
ResponderExcluirQuando o amor é intenso, a ponto de contaminar quem assiste a cena, então vale a pena se casar. Obrigada, Edir, pelo comentário.
ExcluirSe as idéias não casam fica difícil combinar, igualar-se em algum ponto!!!
ResponderExcluirQuando chegam a se casar por amor, é por que as diferenças podem ser superadas, pelo menos por um tempo. Agradecida pela passagem, leitura e comentário, José Calvino. Muito obrigada!
ExcluirParticularmente, estou fora da curva estatística atual. Fiz bodas de prata em dezembro passado. Lúcida reflexão sobre o casamento, Mara. Parabéns.
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