Alegria
de viver
A
melhor maneira de mostrarmos apreço e veneração pela vida, esse magnífico
mistério, que é, ao mesmo tempo, privilégio e desafio, é cultivarmos a alegria.
É jamais nos deixarmos abater pelo que de ruim nos aconteça, ou ocorra ao nosso
redor, mas sempre extrair lições dos sofrimentos e tragédias próprios e/ou
alheios. É atentarmos para os pequenos episódios positivos do dia a dia que,
somados, se revelam maiúsculos, mas que, muitas vezes, entregues a tolas mágoas
e estúpidos rancores, não sabemos valorizar devidamente.
Muitos
até concordam com essa colocação, mas, na hora de agir... é aquela tragédia! Optam,
até inconscientemente, pelo ruim, pelo triste ou pelo violento. Ou pior: por
todas essas características negativas simultaneamente. O filósofo, historiador
e escritor norte-americano Will Durant (cujo nome de batismo era William James
Durant), observou, no seu livro “Filosofia da Vida”, que “somos uma geração
triste: nossa alegria não passa de tentativa para encher com a verbalidade o
vazio do coração”. Exagero dele? O leitor sabe que não. Quem quiser pode
conferir agora mesmo, sem precisar se deslocar para lugar algum. É só observar
o que ocorre ao seu redor.
A
Literatura – salvo raríssimas exceções – como que exalta a tristeza. Enfoca,
quase que exclusivamente, o negativo: a violência, as injustiças, a traição, a
vingança etc.etc.etc. e tudo o que há de pior e de mais perverso no
comportamento e na alma humana. Precisava ser assim? Entendo que não! “Ah, mas
se você escrever coisas positivas e alegres não conquistará leitores”, dirão
alguns (temo que a maioria). Será que não mesmo? Você já tentou, mas sem
descambar para o meloso e para a pieguice? Porquanto, é preciso ter talento (e
muito) para fazer uma literatura alegre e ainda assim de boa qualidade, o que
amplia suas chances de ser bem sucedido.
Durant
referia-se, na observação que citei, à sua geração (viveu quase cem anos, entre
1885 e 1981). Mas suas observações são mais verdadeiras do que nunca neste
início de segunda década do século XXI do terceiro milênio da era cristã. A
tristeza é a marca registrada desse nosso confuso e tenso período. Não nego que
haja motivos, e de sobejo, para isso. Não defendo a alienação de ninguém. O
mundo tem injustiças? Há sofrimentos de toda a sorte? A violência é uma das
características do ser humano? A resposta é sim para todas as questões.
Pergunto: e daí? Há alguma novidade nisso? Houve períodos na História em que as
coisas foram melhores? Quais? Onde? Claro que não houve nenhum!!! A lógica
indica que, praticamente em todos os aspectos que se possa imaginar, houve,
isto sim, sensível melhoria nessa realidade que vivemos.
Ademais,
se você tiver a pretensão, a capacidade e a condição de modificar o que de ruim
e vicioso há no comportamento humano, não será se limitando a ficar triste que
irá conseguir tal façanha. Pelo contrário, em vez de solucionar algum dos
problemas, estará, na verdade, criando outros. A solução para tudo isso está na
ação e não na maneira que você se sente. Conheci pessoas profundamente
sofredoras, indigentes, doentes, dependentes de terceiros que, no entanto,
esbanjavam alegria. Tinham todos os motivos possíveis e imagináveis para
detestar a vida e para ansiar, por conseqüência, pela morte. Porém... queriam
viver. Extraíam motivos para se alegrar só Deus sabe de onde. Mas eram alegres.
Sua alegria era genuína, inatacável, imperecível, porquanto vinha do interior.
Brotava do coração.
Acusem-me
quanto quiserem os pessimistas, os derrotistas, os amargérrimos negativistas,
que posam de realistas e donos da verdade sem o serem, mas afirmo e reitero que
viver é bom. É magnífico. É transcendental, sejam quais forem as
circunstâncias. Isso não quer dizer que minha vida seja perpétuo mar de rosas.
Não é. Não é nem a minha e nem de ninguém. Isso não quer dizer que meus
sofrimentos e carências justifiquem a bovina inação, o estúpido lamento, a
inócua tristeza, sem lutar, e lutar muito, para modificar a situação. E se não
conseguir modificá-la e, em vez de melhorá-la, só conseguir agravar esses
males? Ainda assim, terei lucrado. Terei tentado fazer o melhor. E essa
tentativa, pelo menos, criará um hábito: o de lutar contra adversidades.
O
citado Will Durant constatou: “A realização cria mais realizações; graças a
pequenas conquistas ganhamos confiança para as grandes; a prática fomenta a
vontade”. É somente agindo que se tem mais vontade de agir. Se chorar mágoas,
perdas, dores e frustrações resolvesse alguma coisa, estejam certos: eu
choraria tanto a ponto de inundar o mundo de lágrimas. Mas... não resolve. O
que resolve é a ação. Não há como não concordar com Aléxis Carrel quando
afirma: “A alegria é o sinal pelo qual a vida marca seu triunfo”. Sejamos,
pois, vencedores. E brindemos cada vitória da vida com o que caracteriza com
perfeição esse sucesso: a inarredável alegria. Difícil? Sem dúvida! Impossível?
Jamais, a menos que sejamos renitentes derrotistas. Aí... não tem jeito
mesmo!!!
Boa
leitura.
O
Editor.
Acompanhe o Editor pelo twitter: @bondaczuk
Gostei muito dessa abordagem. O que mais apreciei foi a sua fala de que não importa o que se sente e sim como se age. Só posso concordar, especialmente em relação a velhice, queé tida como triste.
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