Pílulas literárias 163
* Por
Eduardo Oliveira Freire
OUTROS
Estava no ônibus e
percebeu que uma foto caiu da bolsa de uma mulher que iria saltar. Chamou-a e quando
ela virou, deu-lhe um sorriso. Ele a reconheceu, também, e olhou para
fotografia: Eram os dois em outra época. Resolveram se conhecer novamente, já
que eram outros há muito tempo.
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EM PLENA MADRUGADA...
Entrou uma mosca no meu quarto:
- Você mata pessoas imaginárias!
Respondo:
- Também, insetos falantes.
- Você mata pessoas imaginárias!
Respondo:
- Também, insetos falantes.
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NUVENS AÇUCARADAS
Sempre sonho com elas. Quando acordo, sinto-me
pesado e corro para academia.
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SONHO
- Vovó não resistia e sempre me dava um. Já amputei
uma perna por causa da diabetes, mas, quando me lembro dos sonhos da vovó, fico
bem.
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BRIGADEIROS
Tia Aretuza dizia detestar doces. Mas, atravessava
a madrugada comendo-os, principalmente, os brigadeiros.
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A SENHORA
Ao entrar num Sebo com os netos,
encontra uma revista antiga, que tinha na capa uma esplêndida moça, quase
despida. Olha fixamente a foto, até que um dos netos a puxa sem paciência para
ir embora. Um senhor vê a cena e sorri: “ Quem diria, virou escrava dos
netos...”. Depois, compra a revista e revive a violenta paixão que viveu com a
bela e impiedosa jovem.
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NINA
Era fascinada pelas chamas. Quando morreu
incendiada, o irmão mais novo dizia que se transformou numa fada de fogo.
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MAMÃE
Nadava horas na piscina,
desconectava-se do mundo. Quando ouvia meu chamado, ela parava e vinha sempre
com uma concha. Não entedia como ela trazia a lembrança, já que não mergulhava
no mar. Anos depois, já muito idosa, pediu-me para coloca-la na piscina e nadou
até desaparecer.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a
escritor
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