* Por Fernando Yanmar Narciso
Aí vem o Clube do Bolinha de novo. A festa da democracia, a “nova” etapa da política municipal. E, maninho, como estamos entusiasmados... Oba, minha barba tá crescendo, vou ficar assistindo no espelho!
Algum de vocês sabe para que serve um vereador? Se sabe, compartilhe conosco, pois assim como a maioria das pessoas, não sei dizer. Mas só sei que a única coisa que interessa a essa gente é o poder, ouvir as pessoas gritando seus nomes, ser carregados nas costas... Já o povo, a matéria-prima de suas vidas públicas, que fique de escanteio. Político só gosta de pobre quando ele bate palmas embaixo do palanque dele, fora disso, mantenham distância. Mas pelo menos agora há um lampejo de esperança. A vida finalmente conseguiu ensinar aos eleitores, mesmo os menos instruídos estão aprendendo a rejeitar os fantasmas de natais passados.
Há uns 20 anos, fazer política era bem mais fácil. Bastava dar uma camiseta aqui, um boné ali, um saco de cimento pra completar uma laje acolá, beliscar o PF alheio num boteco bem “atestado de óbito” e trazer Chitãozinho e Xororó para animar o comício e você já tinha nosso voto.
Mas os tempos mudaram... Há alguns anos os “suborninhos ao eleitor” foram proibidos, assim como os showmícios e o marketing porcalhão- santinhos, cartazes por toda parte e pichações. Principalmente nessas eleições, as campanhas têm sido bastante tímidas quanto à publicidade, pois em pleno julgamento do Mensalão, nenhum candidato quer se incriminar através de uma campanha faraônica, o que seria interpretado como caixa 2 pelo eleitorado. E, assim como tudo que os políticos fazem, caixa 2 é crime. Entretanto, se você tira de uma campanha a pujança, as lembrancinhas, os shows e a pirotecnia, o que é que sobra como arma para conquistar o eleitorado? Eles ficam de mãos atadas, pois, a essa altura do campeonato, ninguém dá mais razão a caô de político. Nessas circunstâncias, só restam duas opções: Ou fazem um programa prometendo o paraíso na terra, com propostas de obras tão grandiosas que provavelmente levariam Dubai à bancarrota, ou fazem um programa no estilo “odeio quem está ganhando”.
Tenho uma idéia melhor para vocês: Em vez de prometer tudo novo, porque não prometem fazer manutenção nas coisas já existentes, nas obras de outros prefeitos? Há muita rua esburacada, ponte caindo de velha, parede pichada e esgoto a céu aberto por aí, por que vocês sempre se recusam a consertar? Garanto que daria menos trabalho que dinamitar a cidade e começar tudo do zero.
É cada mundo tão maravilhoso e açucarado que aparece no horário político que chega a causar diabetes. Asfaltos perfeitos, parques verdes, escolas e hospitais tinindo de novos, estações de metrô de última geração, lotação climatizada e com frigobar gratuito... Parece até o filme Nosso Lar. Vai fazer promessa assim lá no manicômio, rapaz! Cada promessa dos candidatos devia ser registrada em cartório, e quando ele ganhasse a eleição, os cidadãos deviam receber um recibo pelo correio, para depois o Zé Promessa não ter nenhuma desculpa. Mas se o universo das promessas não for sua praia, lhe resta o papel de oposição canina. O que quer que o candidato que está na frente nas pesquisas diga, faça ou prometa, você é contra. Mesmo que concorde com alguns pontos do que ele diz, precisa atacá-lo ferozmente e sem perdão, espetando as feridas da administração que todo mundo já conhece. Mas cuidado para não exagerar na perseguição, pois senão o povo acaba achando que você quer é se deitar com o outro candidato...
Verdade seja dita, pouco importa ao cidadão comum a estratégia que o candidato adota. Você é um político, logo te odiamos. Essa é a divisão natural das coisas. Pouco nos importa se é um cidadão honesto, que gosta de ajudar as pessoas e vive em nome de um bem maior, se cometeu o pecado mortal de ser um político, o desprezamos. Mas a cada dois anos, mesmo com nossas diferenças, precisamos entrar num acordo pra ver se muda alguma coisa na cidade, no estado ou, mais importante, no país. Sabemos que nada vai mudar, mas continuamos com a ingenuidade otimista inerente a todo brasileiro. Votem com a mão na consciência, nossos compatriotas. O mundo é nosso, cuidemos bem dele!
*Designer e escritor. Site: HTTP://terradeexcluidos.blogspot.com.br
Não tinha visto ainda uma campanha para prefeito tão fria quanto esta. A indiferença está no centro das atenções.
ResponderExcluirÉ isso aí, Fernando! Pois aqui vêm ocorrendo com candidatos prometendo metrô de superfície ou plano elevado por monotrilho, quando sabemos que estes são programas federais e, se por ventura forem realizados, não serão fruto de uma mera coincidência, pois sugestões constam nos livros “O ferroviário”, ed. 1980 e “Trem Fantasma”, ed. 2005. Além disso, chegando à reta final de campanha eleitoral, alguns candidatos a prefeito vereador, com apoio das autoridades que controlam o trânsito na RMRECIFE, interditaram as ladeiras do Morro da Conceição para realizarem caminhadas, proibindo os ônibus subir. E esse filme já passou em outras campanhas!!!
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