sábado, 6 de outubro de 2012

Meu humilde amigo

* Por Francis Jammes

Meu cão fiel, humilde amigo, sucumbiste
sob a mesa, fugindo à morte como à vespa
tu fugias em vida. Ali tua cabeça
voltaste para mim no passo breve e triste.

Companheiro banal do homem, tu que em teus dias
no que falta ao teu dono achas o que te baste,
o ser bendito que a jornada acompanhaste
do arcanjo Rafael e do jovem Tobias...

Tal como um santo ama o seu Deus, num grande exemplo
amaste-me também, ó servo verdadeiro!
O mistério de tua obscura inteligência
vive num paraíso inocente e fagueiro.

Ah se de vós, meu Deus, a graça eu alcançasse,
De face a face vos olhar na eternidade,
fazei que um pobre contemple face a face
quem para ele foi um deus na humanidade.


Tradução: Manuel Bandeira

• Poeta francês de origem basca

Nenhum comentário:

Postar um comentário