sexta-feira, 13 de janeiro de 2012







Letras embriagadas

* Por Adailton Bastos

Numa madrugada de um sábado primaveril,
onde o sono fugidio insiste em roubar-me os lençóis.
Numa provocação voluptuosa intempestiva
descarrilando os sonhos numa noite insone.
Os pensamentos e as idéias castigam
meu corpo inerte numa catapulta imaginária...
Embriagando-me em um mar revolto de palavras
conexas, desconexas,
difusas, confusas,
obtusas, absurdas ou não.
Os galos ainda dormem, os cães pararam de latir.
O silêncio dos passos felinos no telhado,
e as estrelas lá fora insistem num movimento rasteiro
passando ao meu lado
como se eu não estivesse sóbrio.
Sobrando não sei o porque,
vem um turbilhão de palavras
já ditas, benditas e malditas,
marmita, maremoto, terremoto
mar morto, gaivota e marmota,
num rodopiar fatal.
Um vômito apalavrado recheado de
palavras, palavras e palavras...
Levanto abruptamente,
acendo o interruptor.
Nada acontece...
Apenas este
poetalouco simples mortal
boçal nada disse...
apenas embriagou-se...

• Poeta, professor e escritor

3 comentários:

  1. Ficou interessante esse jogo, lembrando vagamente as manhas de Caetano veloso no " Esse papo meu tá qualquer coisa/ você já tá pra lá de Marrakesh/ Mexe qualquer coisa dentro doida/ já qualquer doida dentro mexe/ Não se avexe não baião de dois deixe de manha, deixe de manha/ Pois sem essa aranha/ sem essa aranha/ sem essa aranha/ etc). Gostei muito!

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  2. O sono dos poetas é recheado de imagens, sinais
    letras que vão se juntando e tomando forma...
    Bela poesia.
    Abraços

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  3. Agradeço os comentários,
    as vezes as coisas acontecem,
    as palavras aparecem e
    nelas a poesia...

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