

Próxima vítima?
* Por Rodrigo Ramazzini
Depois de muito tempo sem se verem, dois amigos, que trabalharam juntos, encontram-se em frente a uma padaria.
- Olha quem eu encontro. Grande Edgar! Como vai o amigo?
- Opa! Grande Rui! Que bom vê-lo, meu amigo! Tudo tranqüilo comigo. E contigo?
- Tudo bem, também! Como vai a família?
- Tudo bem!
- E a Alicia, já casou?
- Ainda não, meu genro só enrola! Há! Há! Há!
- Há! Há! Há! Será que está se espelhando em ti? Há! Há! Há!
- Pode ser! Há! Há! Há! E a Tereza, como vai?
- Agora bem. Passou por uma cirurgia há poucos dias, mas vai bem...
- Que bom! E os filhos?
- Perdidos por aí! Um trabalhando em São Paulo e o outro no Amapá!
- Literalmente perdidos por aí! Há! Há! Há!
- É verdade! Está trabalhando?
- Não! Não! Me aposentei e saí fora. Foi logo depois que tu saíste da empresa. Estou em férias permanentes!
- Eu, também! Mas Edgar... Trocando de assunto: soube o que aconteceu com o Mariozinho?
- Qual Mariozinho?
- Aquele que trabalhou com a gente... Um que tinha um cabelo estranho...
-Ah, lembrei! Sei sim! O que aconteceu?
- Morreu!
- Capaz! Do quê?
- Acidente de carro. No mês passado... O pior que eu tinha falado com ele um dia antes...
- Que coisa... Nem fiquei sabendo.
- Eu fui ao enterro... Coisa muito triste... Ah! Quem morreu, também, foi o Caio...
- O Bundinha?
- Ele mesmo!
- Que coisa! Do quê?
- Estava com câncer... Deu umas complicações, lá! Não sei bem. O enterro lotou! Tinha cruzado com ele no mesmo dia...
- Que coisa!
- Daquela nossa turma, quem morreu também foi o Mariano...
- Capaz!
- Também, o homem se entregou para o trago de uma maneira... Nem se sabe do que morreu. Eu que encontrei o infeliz morto dentro de casa... Quase ninguém no enterro, até deu pena. Fazer o quê! Ele quis assim...
- Pois é... É o Norberto?
- Não soube do que aconteceu com o Norberto?
- Não! O quê?
- Morreu, também!
- Capaz!
- Arãn! O “véio” arranjou uma namorada mais nova e não resistiu...
- Mesmo?
- Arãn! Morreu do coração! Liguei para ele no final da tarde e quando caiu à noite chegou à notícia...
- Há! Há! Há! Nem presta o cara rir, mas chega a ser irônico!
- É verdade! Mas o pior foi no velório com a ex-esposa e namorada chorando uma do lado da outra... Uma cena cômica!
- Só imagino! Há! Há! Há!
- Pois é...
- Com esse monte morte rondando a velha turma... Nós é que temos que nos cuidar!
- Há! Há! Há! É verdade!
- E o Ernesto? Têm notícias? Não me vai dizer que morreu, também?
- Não! Não! Falei com ele ontem estava muito bem... Só um pouquinho que o meu celular está tocando, Edgar. É a minha mulher...
- Ok...
Um minuto depois...
- Não vais acreditar, Edgar! Minha mulher acabou de me dar à notícia. O Ernesto morreu!
- Capaz! Do quê?
- Ela não soube dizer...
- Que coisa!
- Bom! Vou lá ver se a família não precisa de alguma coisa...
- Está certo!
- Eu te ligo para dar detalhes do velório e do enterro...
- Está bem!
- O número do telefone da tua casa continua o mesmo?
- Arãn!
- Então, tá! Vou lá! Bom te ver!
- Igualmente, tchau!
- Adeus, amigo!
Edgar deixa o amigo Rui partir e falando sozinho, depois de um longo suspiro, indaga-se:
- O que será que tem esse homem que quem fala com ele morre? Coincidência ou mau-agouro?
Então, dando-se conta que poderia ser o próximo, reflete:
- Meu Deus! Serei eu a próxima vítima?
Assustado e “suando frio”, Edgar faz discretamente o sinal da cruz e esquecendo-se do que compraria na padaria, ruma com todo o cuidado para casa.
• Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
Depois de muito tempo sem se verem, dois amigos, que trabalharam juntos, encontram-se em frente a uma padaria.
- Olha quem eu encontro. Grande Edgar! Como vai o amigo?
- Opa! Grande Rui! Que bom vê-lo, meu amigo! Tudo tranqüilo comigo. E contigo?
- Tudo bem, também! Como vai a família?
- Tudo bem!
- E a Alicia, já casou?
- Ainda não, meu genro só enrola! Há! Há! Há!
- Há! Há! Há! Será que está se espelhando em ti? Há! Há! Há!
- Pode ser! Há! Há! Há! E a Tereza, como vai?
- Agora bem. Passou por uma cirurgia há poucos dias, mas vai bem...
- Que bom! E os filhos?
- Perdidos por aí! Um trabalhando em São Paulo e o outro no Amapá!
- Literalmente perdidos por aí! Há! Há! Há!
- É verdade! Está trabalhando?
- Não! Não! Me aposentei e saí fora. Foi logo depois que tu saíste da empresa. Estou em férias permanentes!
- Eu, também! Mas Edgar... Trocando de assunto: soube o que aconteceu com o Mariozinho?
- Qual Mariozinho?
- Aquele que trabalhou com a gente... Um que tinha um cabelo estranho...
-Ah, lembrei! Sei sim! O que aconteceu?
- Morreu!
- Capaz! Do quê?
- Acidente de carro. No mês passado... O pior que eu tinha falado com ele um dia antes...
- Que coisa... Nem fiquei sabendo.
- Eu fui ao enterro... Coisa muito triste... Ah! Quem morreu, também, foi o Caio...
- O Bundinha?
- Ele mesmo!
- Que coisa! Do quê?
- Estava com câncer... Deu umas complicações, lá! Não sei bem. O enterro lotou! Tinha cruzado com ele no mesmo dia...
- Que coisa!
- Daquela nossa turma, quem morreu também foi o Mariano...
- Capaz!
- Também, o homem se entregou para o trago de uma maneira... Nem se sabe do que morreu. Eu que encontrei o infeliz morto dentro de casa... Quase ninguém no enterro, até deu pena. Fazer o quê! Ele quis assim...
- Pois é... É o Norberto?
- Não soube do que aconteceu com o Norberto?
- Não! O quê?
- Morreu, também!
- Capaz!
- Arãn! O “véio” arranjou uma namorada mais nova e não resistiu...
- Mesmo?
- Arãn! Morreu do coração! Liguei para ele no final da tarde e quando caiu à noite chegou à notícia...
- Há! Há! Há! Nem presta o cara rir, mas chega a ser irônico!
- É verdade! Mas o pior foi no velório com a ex-esposa e namorada chorando uma do lado da outra... Uma cena cômica!
- Só imagino! Há! Há! Há!
- Pois é...
- Com esse monte morte rondando a velha turma... Nós é que temos que nos cuidar!
- Há! Há! Há! É verdade!
- E o Ernesto? Têm notícias? Não me vai dizer que morreu, também?
- Não! Não! Falei com ele ontem estava muito bem... Só um pouquinho que o meu celular está tocando, Edgar. É a minha mulher...
- Ok...
Um minuto depois...
- Não vais acreditar, Edgar! Minha mulher acabou de me dar à notícia. O Ernesto morreu!
- Capaz! Do quê?
- Ela não soube dizer...
- Que coisa!
- Bom! Vou lá ver se a família não precisa de alguma coisa...
- Está certo!
- Eu te ligo para dar detalhes do velório e do enterro...
- Está bem!
- O número do telefone da tua casa continua o mesmo?
- Arãn!
- Então, tá! Vou lá! Bom te ver!
- Igualmente, tchau!
- Adeus, amigo!
Edgar deixa o amigo Rui partir e falando sozinho, depois de um longo suspiro, indaga-se:
- O que será que tem esse homem que quem fala com ele morre? Coincidência ou mau-agouro?
Então, dando-se conta que poderia ser o próximo, reflete:
- Meu Deus! Serei eu a próxima vítima?
Assustado e “suando frio”, Edgar faz discretamente o sinal da cruz e esquecendo-se do que compraria na padaria, ruma com todo o cuidado para casa.
• Jornalista
Eu também me benzeria Rodrigo, é muita
ResponderExcluircoincidência! sai pra lá!
Mais um texto redondinho e na medida.
Abração
Ave de rapina, louca e tresnoitada. Só pode, com toda essa carga de mal. Acredito que logo teremos outro enterro. A morte não tem graça, mas sequencial assim, chega a dar medo.
ResponderExcluir