

O Graf Zeppelin no Recife
* Por Clóvis Campêlo
O Graf Zeppelin aportou pela primeira vez no Recife às 19h28 do dia 22 de maio de 1930. Vindo de Sevilha, na Espanha, após evoluções sobre a cidade, atracou na primitiva torre do Campo do Jiquiá. Foi recebido por uma multidão superior a 15 mil pessoas, oriunda do Recife, de cidades vizinhas e até de outras cidades do Nordeste, atraída pela nova maravilha do século.
A escala forçada no Recife, já que a rota original era ir direto da cidade espanhola ao Rio de Janeiro, foi provocada por ventos contrários enfrentados pelo dirigível ao sobrevoar a Ilha de Fernando Noronha.
Ao desembarcarem, os ocupantes foram recebidos pelas autoridades estaduais, à frente o então jovem sociólogo Gilberto Freyre, secretário particular do governador Estácio Coimbra. Entre os passageiros estavam o infante da Espanha, Dom Afonso de Bourboun e o professor Vicente Licínio Cardoso, da Escola Politécnica do Recife, o primeiro brasileiro a viajar no belo dirígível.
A aeronave permaneceu no Recife até o dia 24, quando, pela madrugada, alçou vôo para o Rio de Janeiro, seu verdadeiro destino. Nesse meio tempo, ocorreram na cidade diversas manifestações de carinho, como recepções, almoços e jantares, além de presentes ofertados pela colônia alemã, como uma plaqueta cravejada de brilhantes.
A visita inusitada foi registrada em versos pelo poeta Ascenso Ferreira:
"Apontou / parece uma baleia se movendo no ar /
Parece um navio avoando no ares!
Credo, isso é invento do cão
Ó coisa bonita danada.
Viva seu Zé Pelin!
Vivôoo..."
Estes versos do poeta estão gravados na placa aposta ao pé da torre metálica do Jiquiá, pelo Governo do Estado de Pernambuco, em 15/9/1981, para perpetuar a lembrança dos 51 anos da primeira escala do Graf Zeppelin no Recife, transformando-a em monumento tombado pela FUNDARPE, após sua restauração, por se tratar da única ainda existente no mundo.
Entre os pernambucanos que viajaram no Graf Zeppelin (236m de comprimento e 30m de diâmetro), constam o Conde Pereira Carneiro, João Cleófas de Oliveira, José Pessoa de Queiroz, Lael Sampaio, Severiano Lins e J. Brito Passos.
Outro ilustre viajante foi o presidente Getúlio Vargas que, em 1933, embarcou para o Rio de Janeiro no Campo do Jiquiá, congratulando-se, na chegada, com o presidente Hindenburg, da Alemanha, "por esta forma de transporte aéreo que o gênio alemão revelou ao mundo".
A última escala do Graf Zeppelin no Recife aconteceu no dia 4 de maio de 1937, vindo do Rio de Janeiro. Daqui, voou direto para Friedrichshafen, percorrendo 7.872 Km, em 88,28 horas, numa velocidade média de 88,8 Kh/h, encerrando o ciclo dos dirigíveis.
Dois dias depois, no Campo de Lackehurst, nos Estados Unidos, o Hinderburg, foi destruído por terrível incêndio, vitimando 36 pessoas entre tripulantes e passageiros, encerrando o ciclo dos dirigíveis.
Durante a sua existência, o Graf Zepellin realizou 65 viagens para o Brasil, com 130 pousos no Campo do Jiquiá.
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* Poeta, jornalista e radialista do Recife/PE
* Por Clóvis Campêlo
O Graf Zeppelin aportou pela primeira vez no Recife às 19h28 do dia 22 de maio de 1930. Vindo de Sevilha, na Espanha, após evoluções sobre a cidade, atracou na primitiva torre do Campo do Jiquiá. Foi recebido por uma multidão superior a 15 mil pessoas, oriunda do Recife, de cidades vizinhas e até de outras cidades do Nordeste, atraída pela nova maravilha do século.
A escala forçada no Recife, já que a rota original era ir direto da cidade espanhola ao Rio de Janeiro, foi provocada por ventos contrários enfrentados pelo dirigível ao sobrevoar a Ilha de Fernando Noronha.
Ao desembarcarem, os ocupantes foram recebidos pelas autoridades estaduais, à frente o então jovem sociólogo Gilberto Freyre, secretário particular do governador Estácio Coimbra. Entre os passageiros estavam o infante da Espanha, Dom Afonso de Bourboun e o professor Vicente Licínio Cardoso, da Escola Politécnica do Recife, o primeiro brasileiro a viajar no belo dirígível.
A aeronave permaneceu no Recife até o dia 24, quando, pela madrugada, alçou vôo para o Rio de Janeiro, seu verdadeiro destino. Nesse meio tempo, ocorreram na cidade diversas manifestações de carinho, como recepções, almoços e jantares, além de presentes ofertados pela colônia alemã, como uma plaqueta cravejada de brilhantes.
A visita inusitada foi registrada em versos pelo poeta Ascenso Ferreira:
"Apontou / parece uma baleia se movendo no ar /
Parece um navio avoando no ares!
Credo, isso é invento do cão
Ó coisa bonita danada.
Viva seu Zé Pelin!
Vivôoo..."
Estes versos do poeta estão gravados na placa aposta ao pé da torre metálica do Jiquiá, pelo Governo do Estado de Pernambuco, em 15/9/1981, para perpetuar a lembrança dos 51 anos da primeira escala do Graf Zeppelin no Recife, transformando-a em monumento tombado pela FUNDARPE, após sua restauração, por se tratar da única ainda existente no mundo.
Entre os pernambucanos que viajaram no Graf Zeppelin (236m de comprimento e 30m de diâmetro), constam o Conde Pereira Carneiro, João Cleófas de Oliveira, José Pessoa de Queiroz, Lael Sampaio, Severiano Lins e J. Brito Passos.
Outro ilustre viajante foi o presidente Getúlio Vargas que, em 1933, embarcou para o Rio de Janeiro no Campo do Jiquiá, congratulando-se, na chegada, com o presidente Hindenburg, da Alemanha, "por esta forma de transporte aéreo que o gênio alemão revelou ao mundo".
A última escala do Graf Zeppelin no Recife aconteceu no dia 4 de maio de 1937, vindo do Rio de Janeiro. Daqui, voou direto para Friedrichshafen, percorrendo 7.872 Km, em 88,28 horas, numa velocidade média de 88,8 Kh/h, encerrando o ciclo dos dirigíveis.
Dois dias depois, no Campo de Lackehurst, nos Estados Unidos, o Hinderburg, foi destruído por terrível incêndio, vitimando 36 pessoas entre tripulantes e passageiros, encerrando o ciclo dos dirigíveis.
Durante a sua existência, o Graf Zepellin realizou 65 viagens para o Brasil, com 130 pousos no Campo do Jiquiá.
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* Poeta, jornalista e radialista do Recife/PE
Li alguns textos sobre os dirigíveis instigada
ResponderExcluirpela curiosidade. Achava-o imponente nos céus.
Aqui no Rio usaram um dirigível certa vez, meu
filho era "miúdo" e quando viu aquela enorme sombra projetar-se sobre ele por pouco não desmaiou, mas
depois o susto cedeu lugar à admiração.
Abraços
Ouvi várias pessoas contarem esse fato, que tinha acontecido no Recife, e gostava de ouvir as histórias daquele dia histórico.Não conhecia estes versos do Ascenso Ferreira. Adorei seu texto.
ResponderExcluirAbraços