terça-feira, 7 de setembro de 2010




Balas de coco

* Por Evelyne Furtado


O faz-de-conta era bem protegido no quarteirão em que morava e onde a menina tinha tudo, inclusive medo de perder o que tinha. E perdeu um bocado. Mas não de uma hora para outra. Foi aos poucos que se deu.

As perdas antigas vez por outra voltam a sangrar. As mais recentes ainda estão sendo acomodadas entre os ganhos. Pois ela ganhou também. E muito: Afetos, conhecimentos, experiências. Entre os ganhos pode incluir a consciência de que a vida é um terreno pouco seguro, porém rico em descobertas.

Hoje a mulher mora em um quarteirão não muito longe, onde as fantasias são diáfanas. Lá ela continua seu balanço parcial, enquanto dissolve na boca duas ou três balas de coco. Um pouco de doce não vai fazer diferença ao final. Ou vai? Na dúvida prova mais uma e sai.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

8 comentários:

  1. Acho que não faz mal...pelo menos
    adoça o pensamento.
    Beijos

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  2. Texto conciso e interessante. A vida é isso, não é, Evelyne? Feita de perdas e de ganhos.

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  3. Aqui a bala de côco, pelo menos as das fotos chamam-se bala delícia, e são uma antevisão do paraíso. O que sinto ao ler seus textos, é uma indução a uma cumplicidade maior que a de irmãs, talvez com a de alguma psicoterapeuta a que fui fiel por dezenas de anos. Se há ficção, pouco importa. O bom mesmo é invadir sua literalidade e degustar as três balas de côco.

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  4. É de côco , mesmo, e melhor ainda quando compartilhada, Mara. Grata a você, a Núbia e a Risomar. Beijos

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  5. Adoçar a vida é sempre bom, Evelyne! Beijos para vc!

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  6. E quem não é que não passa pela vida assim, entre pensamentos amargos, bocados sem gosto e - vez por outra - balinhas de coco? Um mini grande conto by Evelyne. Parabéns, amiga.

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  7. Um resto de semana docinho para vocês, Sayonara e Marcelo. Beijos

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