

Rubor
* Por Evelyne Furtado
* Por Evelyne Furtado
Na semana que passou ouvi Zuenir Ventura e Luis Fernando Veríssimo falando sobre a dificuldade que antecede o ato de escrever. Ouvi mais Zunir do que Veríssimo. Para ser mais exata o primeiro falou e o segundo confirmou com um gesto.
-Senhores, fiquem certos de que o leitor não percebe. Essa aqui, por exemplo, só aprova o que vocês escrevem e no momento sofre para juntar lé com cré em um texto minimamente inteligível.
-Senhores, fiquem certos de que o leitor não percebe. Essa aqui, por exemplo, só aprova o que vocês escrevem e no momento sofre para juntar lé com cré em um texto minimamente inteligível.
Lembro de Rachel de Queiroz falando de tal angústia. Ela foi uma das primeiras escritoras que conheci e de cara gostei. Para mim as estórias saíam de sua pena facilmente. Ela, no entanto, dizia que era um sofrimento.
De que é feita essa agonia? Suspeito que tem a ver com responsabilidade, exposição, e aprovação. No meu caso garanto que é timidez. Empaco porque alguém vai me ler e me julgar.
De que é feita essa agonia? Suspeito que tem a ver com responsabilidade, exposição, e aprovação. No meu caso garanto que é timidez. Empaco porque alguém vai me ler e me julgar.
Mas nem sempre é assim. Às vezes minha prosa jorra entre sensações, opiniões e sentimentos.
O problema é que quando releio alguns desses textos meu estômago revira. Não me reconheço em alguns e em outros me reconheço demais.
O problema é que quando releio alguns desses textos meu estômago revira. Não me reconheço em alguns e em outros me reconheço demais.
Tímida e impetuosa. Essa sou eu. Agora mesmo, encontro-me entre esses extremos e meu rosto está esquentando. Devo estar vermelha por me incluir entre os nomes acima citados. Pronto: revelei-me de novo.
• Poetisa e cronista de Natal/RN
• Poetisa e cronista de Natal/RN
Não me lembro do primeiro livro que li e nem com
ResponderExcluirquem me identifiquei, minhas paixões foram se
revelando aos poucos, mas tinha uma fã incondicional
que vibrava com minhas linhas, minha mãe.
Não diria que sou tímida e já não me sinto tão nua
quando me "vejo" em minhas poesias, pelo contrário
flerto com essa situação e sigo em namoro.
Que você continue seguindo com impetuosidade.
Abraços
Fico sempre surpresa quando vejo/ouço escritores dizendo que sofrem para escrever. Nesses momentos acho que não sou escritora, porque sinto um imenso prazer antes (quando a ideia vem), durante a escrita, e adoooorrooooo reescrever uma, duas, cinco, dez vezes um conto, um poema.
ResponderExcluirCom a crônica nem sempre temos tempo necessário para reescrever, mas quando dá...
Beijos
Ontem uma pessoa leu um texto meu na tela e falou: "nossa, deve ser um sofrimento escrever isso" Respondi que, ao contrário, era um prazer. Para mim, calar, não ter com quem falar, ou em estremo, desenhar um rosto numa bola - igual ao filme do náufrago - para conversar com ela, isso sim, é sofrimento. Quanto a exposição, ela acontece, mas na medida em que queremos. Há quem entenda que o que não é nosso é exatamente o que vivemos, ou o contrário, que a nossa experiência, vindo travestida com roupagem nova, pode ser outro que não nós. A ficção pode ser assim.
ResponderExcluirerrata: extremo
ResponderExcluirNúbia, Risomar e Mara, muito obrigada pelos comentários. Também sinto esse prazer, mas às vezes travo. Foi ótimo ler os depoimentos de vocês. Beijos.
ResponderExcluirPra mim, escrever dói. É processo angustiante, laborioso. Concordo com o que disse a Rachel de Queiroz. Inclusive vi uma entrevista dela na tv, um pouco antes de falecer, em que dizia que escrevia por ser obrigada, e que se achasse um original inédito perdido numa gaveta para enviar ao jornal seria um desencargo, uma forma de livrar-se de um castigo. No entanto, todos somos testemunhas da excepcionalidade daquilo que ela fazia a contragosto...
ResponderExcluirBom tema e bom texto, Evelyne. Um beijo pra você.
Reprisam sempre essa entrevista deliciosa, Marcelo! Gosto demais de rever Rachel na sua simplicidade. Obrigada, amigo. Beijos
ResponderExcluir