terça-feira, 8 de junho de 2010




Há sempre uma criança

* Por Evelyne Furtado

No meio da sala repleta a mulher tropeça e cai. Mas é a menina quem sonda o ambiente e quase corre para os braços do pai, se lá estivesse o pai e não fosse ela uma mulher.
É a criança quem ri desbragadamente sem motivo algum quando a mulher dá vexame em um frouxo de riso fora de hora.
Abençoada infantilidade, essa! É também a menina quem chora um choro soluçado. Daqueles que só criança sabe chorar, pois tem fé de que alguém virá socorrê-la.
Tem mulher que chora assim antes de aprender que chorar não adianta . Um aprendizado que amargura algumas antes de ensinar.

Tem sempre uma menina ou um menino atrás de um adulto que cai, chora ou ri demais.
Existe, às vezes, uma criança precocemente envelhecida atrás de um adulto que não sabe chorar, nem rir de bobagem.

Tem até homens e mulheres que nunca caem. Desconfio que nesses morem crianças de olhos embaçados e sem marcas no joelho, que passam a vida na janela esperando outra criança cair para apontar.

• Poetisa e cronista de Natal/RN

5 comentários:

  1. Lindo, Evelyne!Acredito que nossa criança interior está sempre presente em nossas vidas, independente da idade cronológica. Beijo!

    ResponderExcluir
  2. Bendita a criança que vive em mim
    e nas minhas canelas coroadas de
    marcas e cicatrizes.
    Parabéns Evelyne.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Bendito o que consegue manter sua criança interior sempre viva, alegre e espontânea dentro de si. Texto lindo, Evelyne.

    ResponderExcluir
  4. Algum dia será permitida a espontaneidade pura e simples? Mesmo que não seja de bom tom cair, rir ou chorar, estarei disposta a desobedecer.

    ResponderExcluir
  5. Obrigada, amigos. Vocês são muito queridos!
    Beijos

    ResponderExcluir