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Imersos em símbolos
Caríssimos leitores do Literário, boa tarde. Antes de tudo, cabe-me observar que já está ficando chata (e faz tempo!) essa omissão generalizada em relação aos textos aqui publicados. Está cada vez menor o número dos já de per si escassos comentários, o que deixa o Editor rigorosamente sem parâmetros para aferir a qualidade da edição. Nenhum veículo de comunicação propicia maior oportunidade de interatividade do que a internet. Nosso quadro de colunistas, é mister que se destaque, é integrado por escritores com imenso potencial de sucesso. Tenho certeza que um dia, quando eles se tornarem famosos (e isso é só questão de tempo), muita gente vai lamentar o fato de ter tido a oportunidade de estreitar laços de amizade com eles e perdido a chance, que pode ser única. Dito isso, convido-os a uma reflexão, exercício sempre saudável e proveitoso para todos nós.
A inteligência “humana” (e coloco a distinção entre aspas, por entender que outros animais também a tenham, posto que em estágio primaríssimo), considerada em seu sentido lato, ou seja, o da capacidade de “entender” o que se passa quer no interior da própria mente, quer ao redor e alhures, é toda baseada em símbolos.
Por outro lado, os relacionamentos entre todas as pessoas e a totalidade das estruturas sociais têm por fundamento convenções universais. Se ambos não existissem, provavelmente nós também não. Quando digo ambos, refiro-me aos símbolos e às convenções. Ou se existíssemos, seríamos guiados exclusivamente pelos instintos, dos quais os dois básicos são, inclusive, antagônicos, ou seja, o erótico, de preservação individual e da espécie, e o tânico, de destruição do que seja interpretado pelo inconsciente como ameaça e perigo (mesmo que não o seja).
Sem os símbolos, não conseguiríamos nem mesmo nos comunicar. Não haveria, por exemplo, a linguagem (e, por conseqüência, os idiomas, estimados, atualmente, em por volta de vinte mil, quando considerados os dialetos). É por causa da convenção que, quando emitimos com o nosso aparelho fonador determinado som, as pessoas ao nosso redor entendem de imediato o que queremos expressar. Afinal, o que são as palavras, se não símbolos adredemente convencionados? E sequer me refiro à escrita. Esta é para lá de óbvio que compõe um conjunto de intrincada simbologia.
As letras de qualquer alfabeto o que vêm a ser? E os números? E essa ciência rigorosa e exata, que é uma das maiores manifestações de inteligência do bicho homem, a matemática, o que é? A resposta é óbvia: símbolos... meros símbolos. E as artes? E as filosofias? E a literatura, objeto primordial da nossa preocupação (e paixão)? São todos símbolos, assim como a política, a economia, a administração, a religião e vai por aí afora.
E essa simbologia toda e a infinidade de convenções que a consubstancia e a torna universalmente entendida é passada, de geração a geração, por esse processo bastante amplo e complexo, muito falado e pouco compreendido, que é a educação (interpretada, equivocadamente, por muitos, como mera instrução), impedindo que o homem, enquanto espécie, retroaja à barbárie e à sua original animalidade.
Exemplifiquemos o conceito de convenção, para facilitar o entendimento. Tomemos a palavra de origem latina “rosa”. Ao mencioná-la, o que virá de imediato à mente das pessoas que se utilizam de idiomas neolatinos? Evidentemente, uma determinada flor, e só aquela. Claro que há nuances que devem ser acrescentadas para esclarecer a que rosa se está referindo. Afinal, ela pode ser de várias cores, vermelha, amarela e até da tonalidade que tem esse nome exatamente por causa da flor, ou seja, a cor-de-rosa (parece que alguém conseguiu a façanha de, através da manipulação genética, produzir uma que é de coloração azul).
Por que essa palavra nos remete de imediato e automaticamente àquela planta? Porque se “convencionou” que fosse assim. Ao falarmos a palavra rosa, não imaginamos (ou seja, não formamos a “imagem” na nossa mente) um elefante, um besouro, uma tartaruga ou uma cadeira. A idéia imediata que se forma é a dessa flor, e só dela, e também não da dália, do crisântemo, da margarida, do dente de leão ou de outra qualquer. Não ficou claro? Sem dúvida que sim!
E o que são as regras (literárias ou esportivas, não importa), as normas, as leis, os códigos, os dogmas, a Bíblia, o Alcorão, a Torá e vai por aí afora? São, obviamente, todos convenções. E, antes e acima de tudo, são símbolos. Estamos todos, pois, imersos, ininterruptamente, do nascimento à morte, num oceano infinito de simbologia. E é ela, exclusivamente ela, que nos tornou estes seres inteligentes, racionais, criativos e especiais. Enfim... humanos!
Boa leitura.
O Editor.
Caríssimos leitores do Literário, boa tarde. Antes de tudo, cabe-me observar que já está ficando chata (e faz tempo!) essa omissão generalizada em relação aos textos aqui publicados. Está cada vez menor o número dos já de per si escassos comentários, o que deixa o Editor rigorosamente sem parâmetros para aferir a qualidade da edição. Nenhum veículo de comunicação propicia maior oportunidade de interatividade do que a internet. Nosso quadro de colunistas, é mister que se destaque, é integrado por escritores com imenso potencial de sucesso. Tenho certeza que um dia, quando eles se tornarem famosos (e isso é só questão de tempo), muita gente vai lamentar o fato de ter tido a oportunidade de estreitar laços de amizade com eles e perdido a chance, que pode ser única. Dito isso, convido-os a uma reflexão, exercício sempre saudável e proveitoso para todos nós.
A inteligência “humana” (e coloco a distinção entre aspas, por entender que outros animais também a tenham, posto que em estágio primaríssimo), considerada em seu sentido lato, ou seja, o da capacidade de “entender” o que se passa quer no interior da própria mente, quer ao redor e alhures, é toda baseada em símbolos.
Por outro lado, os relacionamentos entre todas as pessoas e a totalidade das estruturas sociais têm por fundamento convenções universais. Se ambos não existissem, provavelmente nós também não. Quando digo ambos, refiro-me aos símbolos e às convenções. Ou se existíssemos, seríamos guiados exclusivamente pelos instintos, dos quais os dois básicos são, inclusive, antagônicos, ou seja, o erótico, de preservação individual e da espécie, e o tânico, de destruição do que seja interpretado pelo inconsciente como ameaça e perigo (mesmo que não o seja).
Sem os símbolos, não conseguiríamos nem mesmo nos comunicar. Não haveria, por exemplo, a linguagem (e, por conseqüência, os idiomas, estimados, atualmente, em por volta de vinte mil, quando considerados os dialetos). É por causa da convenção que, quando emitimos com o nosso aparelho fonador determinado som, as pessoas ao nosso redor entendem de imediato o que queremos expressar. Afinal, o que são as palavras, se não símbolos adredemente convencionados? E sequer me refiro à escrita. Esta é para lá de óbvio que compõe um conjunto de intrincada simbologia.
As letras de qualquer alfabeto o que vêm a ser? E os números? E essa ciência rigorosa e exata, que é uma das maiores manifestações de inteligência do bicho homem, a matemática, o que é? A resposta é óbvia: símbolos... meros símbolos. E as artes? E as filosofias? E a literatura, objeto primordial da nossa preocupação (e paixão)? São todos símbolos, assim como a política, a economia, a administração, a religião e vai por aí afora.
E essa simbologia toda e a infinidade de convenções que a consubstancia e a torna universalmente entendida é passada, de geração a geração, por esse processo bastante amplo e complexo, muito falado e pouco compreendido, que é a educação (interpretada, equivocadamente, por muitos, como mera instrução), impedindo que o homem, enquanto espécie, retroaja à barbárie e à sua original animalidade.
Exemplifiquemos o conceito de convenção, para facilitar o entendimento. Tomemos a palavra de origem latina “rosa”. Ao mencioná-la, o que virá de imediato à mente das pessoas que se utilizam de idiomas neolatinos? Evidentemente, uma determinada flor, e só aquela. Claro que há nuances que devem ser acrescentadas para esclarecer a que rosa se está referindo. Afinal, ela pode ser de várias cores, vermelha, amarela e até da tonalidade que tem esse nome exatamente por causa da flor, ou seja, a cor-de-rosa (parece que alguém conseguiu a façanha de, através da manipulação genética, produzir uma que é de coloração azul).
Por que essa palavra nos remete de imediato e automaticamente àquela planta? Porque se “convencionou” que fosse assim. Ao falarmos a palavra rosa, não imaginamos (ou seja, não formamos a “imagem” na nossa mente) um elefante, um besouro, uma tartaruga ou uma cadeira. A idéia imediata que se forma é a dessa flor, e só dela, e também não da dália, do crisântemo, da margarida, do dente de leão ou de outra qualquer. Não ficou claro? Sem dúvida que sim!
E o que são as regras (literárias ou esportivas, não importa), as normas, as leis, os códigos, os dogmas, a Bíblia, o Alcorão, a Torá e vai por aí afora? São, obviamente, todos convenções. E, antes e acima de tudo, são símbolos. Estamos todos, pois, imersos, ininterruptamente, do nascimento à morte, num oceano infinito de simbologia. E é ela, exclusivamente ela, que nos tornou estes seres inteligentes, racionais, criativos e especiais. Enfim... humanos!
Boa leitura.
O Editor.
Caro Pedro
ResponderExcluirGostaria de comentar o início do seu texto. Sim, é desanimador esmerar-se para escrever um texto, dar o melhor de si, e não ter o retorno que se espera. Com isso me refiro a todos que escrevem neste Blog.
Não sei o que fazer para atrair mais leitores, mas sinto que é preciso que todos os participantes comecem a pensar em alguma maneira de trazer leitores para nossos textos.
Estamos lendo apenas os textos uns dos outros, o que é bom, mas é preciso mais. É preciso trazer outros leitores. Como fazer isso? Nâo sei...
Abraços
O pior não é isso, Risomar. É que fico absolutamente sem parâmetro para saber se estão gostando ou não do nosso espaço e por que gostam ou desgostam. Infelizmente, já perdi excelentes colunistas, rigorosamente por este motivo. Será que é tão difícil postar um comentariozinho simples e despretensioso em cada texto? Por que blogs que tratam de política e de futebol são tão comentados e o nosso não. E não é que este espaço não seja acessdado. Estamos beirando os 90 mil acessos e temos menos de duzentos comentários. Lamentável!
ResponderExcluirPedro, deixo o endereço do Literário em vários lugares. O que a maioria das pessoas reclamam
ResponderExcluiré da dificuldade em postar. Talvez seja um dos motivos, não sei.
Eu não sei o que motiva o leitor a postar um
comentário, acredito em afinidade literária.
Assim como é frustrante para o colunista não ter
idéia se o seu texto foi lido, também frustra ao comentarista não saber se o seu "eleito" teve ciência de seu comentário.
Eu acredito muito na troca e seria uma excelente forma de estabelecer uma certa cumplicidade.
Não sei até que ponto isso é possível mas, enfim
vou continuar divulgando o espaço.
Abraços
Os textos que para mim são destaques, eu os divulgo a toda a minha lista, inclusive com o endereço do blog. Acredito que se todos fizessem assim, logo os comentários aumentariam. Há muito comodismo de todos, inclusive dos próprios cronistas, que, por educação("não mera instrução") deveriam retrucar os comentários, fazer um debate, claro, dentro da linha dos bons costumes. Num dia normal, quando não há acúmulo de problemas, a postagem exige S E I S cliques. Aos não iniciados é uma barreira e tanto, que gera frustração e impossibilidades. Muitos referem essa dificuldade e desistem.
ResponderExcluirQuerido Pedro
ResponderExcluirConcordo com o que Mara e Núbia escreveram. Também envio as crônicas de vários autores do espaço aos meus correspondentes, peço que comentem aqui, mas todos dizem ser muito difícil deixar os comentários. Eu mesma às vezes tento duas, três vezes deixar um comentário e não consigo. Às vezes só algum tempo depois volto, e depois de várias tentativas é que consigo.Convenhamos: nem todos os leitores têm essa paciência, não é?
Também coloco o endereço do Blog em todos meus e-mails, mas comentários recebo na minha caixa postal.
Abraços