sexta-feira, 9 de abril de 2010




Fragmentos da destruição do espaço

* Por Mateus Berteges

O homem viu a tragédia de perto. Enxergou em vermelho seus dias mais brancos, deitou-se sobre a escuridão e o adeus já era dado como certo. Talvez o homem tivesse enganado a morte, quem sabe ele não foi mais esperto? Mas o que é viver num mundo onde não aprendemos o que é bom? Talvez viver seja para poucos e talvez poucos tenham esse dom...

Ao acordar o homem encontrou um pedaço de si diante do espelho, que o encarava. Olhando pra si, ele tem sua primeira dúvida: onde estive enquanto o meu coração parava? Já não ouvia mais a dor de quem estava ao redor, nem sentia aquela música que insistia manter o tom em dó. Fechou os olhos, desatou os pensamentos que estavam em nós. E já não haviam nós, estava só. Só ele via o quanto a luz o cegava, mas nada o impedia de desbravar aquela imensidão, nem todas as paredes que o cercavam.

O homem caminhou por alguns instantes, pisava apenas em sentimentos e por alguns momentos já não sentia as navalhas afiadas e cortantes. Tocava os muros, voltava ao início de seu labirinto particular. Continuava a caminhar no singular, nunca desejou tanto ser plural... Afinal, enfrentou o mal. Teria sido uma vitória banal ou não passava de uma grande viagem ao mundo imortal?

O homem voltou ao seu leito, sentiu que algo tinha vida em seu peito. Por alguns instantes encontrou tudo o que era mais perfeito. Enxergou tudo que já tinha feito: seus erros e defeitos, seus amores e temores, seus dias mais nublados e todo aquele sol que o aquecia e fortalecia em dias gelados. O homem deu valor a uma pequena parte de seu dom. Aprendeu que deve tentar criar sua música, mesmo que às vezes fuja do tom. O homem voltou às suas falhas.

* Analista de sistemas

Nenhum comentário:

Postar um comentário