sexta-feira, 16 de abril de 2010




Cantiga de amor para Brasília

* Por Paulo José Cunha

Há quem te veja nave de aço, avião
mas eu te vejo ave de pluma,
asas abertas sobre o chão.

Há quem te veja futurista e avançada
mas eu recolho em ti a paisagem rural
lá de onde eu vim:
fazenda iluminada.
E quem declara guerra a teu concreto armado
nunca sentiu a paz do teu concreto desarmado.

Há quem te veja exata, fria, diurna e burocrática,
mas te conheço é gata noturna, quente, sensual – enigmática.

Há quem te gostaria só Plano Piloto, teu lado nobre,
mas eu também te encontro na periferia, teu lado pobre.

Há quem te reconheça nos cartões postais
mas te vejo inteira, Planaltina,
cercada de Gamas, Guarás e Taguatingas.

Aos que só te querem grande – Patrimônio Mundial
egoisticamente te declaro patrimônio meu, exclusivo:
Brasília minha
e, no meu bem-querer diminutivo, Brasilinha.

* Poeta de Brasília/DF

2 comentários:

  1. Meu Deus, que coisa Linda!!!!Que POETA!!!!!
    Foi assim que vi Brasília nos poucos dias que aí estive, mas não tive tsamanho talento para escrever algo assim. Parabéns,Paulo José! Quero conhecer outros poemas seus.
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Doce e angelical o seu jeito de ver a sua cidade. Um lado desconhecido. Belo dueto de contrastes.

    ResponderExcluir