

Poema da crucificação
* Por Talis Andrade
Agora entendo, Senhor,
a imensa e eterna solidão
de quem está preso
à árvore da desolação.
Agora entendo
o terror dos pregos
fixando os teus pés
de andarilho,
o terror dos pregos
lancinando a carne.
Agora entendo o ultraje
de cobrirem tua nudez
com um manto escarlate,
ornamento e cor
privativos dos césares
nas reuniões solenes.
Agora entendo
a humilhação, a dor
dos espinhos ferindo
tua fronte
que não faz sete dias
quiseram coroar.
Agora entendo
tua imensa angústia:
os olhos contemplando os sonhos
que tuas mãos dilaceradas
procuraram semear.
Só agora entendo
teu imenso abandono:
os olhos buscando os lugares
onde a Palavra foi um dia ouvida,
onde tua Palavra amiga
foi consolo dos que choram,
dos que têm sede de justiça.
Ó Senhor, teus olhos de infinita doçura
percorrem os caminhos
que teus pés marcaram com sangue.
Os olhos buscam a cidade na lonjura.
A cidade, que não faz uma semana
te recebeu em festas,
hoje te considera indigno
de que morras no seu chão.
E fora dos muros
da cidade
todos te abandonaram,
indiferentes ao teu coração
latejante de paixão.
(Do livro “Romance do Emparedado”, Editora Livro Rápido – Olinda/PE).
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
* Por Talis Andrade
Agora entendo, Senhor,
a imensa e eterna solidão
de quem está preso
à árvore da desolação.
Agora entendo
o terror dos pregos
fixando os teus pés
de andarilho,
o terror dos pregos
lancinando a carne.
Agora entendo o ultraje
de cobrirem tua nudez
com um manto escarlate,
ornamento e cor
privativos dos césares
nas reuniões solenes.
Agora entendo
a humilhação, a dor
dos espinhos ferindo
tua fronte
que não faz sete dias
quiseram coroar.
Agora entendo
tua imensa angústia:
os olhos contemplando os sonhos
que tuas mãos dilaceradas
procuraram semear.
Só agora entendo
teu imenso abandono:
os olhos buscando os lugares
onde a Palavra foi um dia ouvida,
onde tua Palavra amiga
foi consolo dos que choram,
dos que têm sede de justiça.
Ó Senhor, teus olhos de infinita doçura
percorrem os caminhos
que teus pés marcaram com sangue.
Os olhos buscam a cidade na lonjura.
A cidade, que não faz uma semana
te recebeu em festas,
hoje te considera indigno
de que morras no seu chão.
E fora dos muros
da cidade
todos te abandonaram,
indiferentes ao teu coração
latejante de paixão.
(Do livro “Romance do Emparedado”, Editora Livro Rápido – Olinda/PE).
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
Fazer de conta que ele nem existiu
ResponderExcluirpara justificar assim, as nossas próprias
atrocidades...
Abraços
Outro poema profundíssimo e belo desse extraordinário poeta, o meu preferido entre os que estão vivos (e mesmo entre os "gigantes" da Literatura Brasiléira). São versos para se decorar, sentir e, sobretudo, refletir.
ResponderExcluirHá uma beleza no poema que atinge até os ateus. Porque nele há um Cristo humanizado, cujo sofrimento terreno se faz do poeta, com ele e conosco também.
ResponderExcluirPor coincidência, ouço Bach neste momento.
Salve, Talis.