sábado, 7 de novembro de 2009


Imersão na poesia

Caros leitores, boa tarde.
Neste sábado de Primavera, de muita luz e muita cor, convido-o a imergir, comigo, na poesia. Saboreie-a com satisfação. Embeba-se nela. Encha seu dia de beleza e de sonho. Faça mais, encha a sua vida de poesia. Aprecie-a. Delicie-se com ela. Viva-a intensamente.
Hoje, como vocês certamente já notaram, escancaramos as portas da nossa casa para a entrada dos poetas. Convenhamos, nada é mais apropriado, para um dia de Primavera (com cara e jeito de verão), quando os ipês estão floridos e o ar está morno e adocicado com o aroma das flores, do que reservar alguns minutinhos para sonhar, voar para além da realidade e valorizar o lado belo e bom da vida.
O momento é mais do que oportuno para se vestir com a pele do astronauta, “molhado de azul”, a que se refere esta excelente poetisa que é Yeda Prates Bernis. Quem ainda não sonhou com a possibilidade de flutuar no imponderável, além da terra, quase se transformando em estrela? Eu já! Vocês não?
É um momento propício para valorizar seus animais de estimação, incorporados à vida urbana como se fossem pessoas, tamanho é o retorno afetivo que nos dão. Tentem interpretar, como fez a poetisa Zélia Bora, o que dizem “os olhos dos seus gatos”. Da minha parte, tenho nove desses animais, bichos de personalidade forte, que me inundam de afeto. E interpreto, diariamente, o que seus olhos me dizem.
Vá mais longe, prezado leitor. Tente ouvir a voz do vento. Mas não se limite a isso. Procure traduzir o que ele quer dizer, embora a poetisa Flora Figueiredo nos alerte que “o vento anda ficando mentiroso”. Prometeu trazer a amada dos nossos sonhos, mas não trouxe. Conclua, porém, como ela: “se os ventos são capazes de levar embora, a qualquer hora, também, são capazes de fazer voltar”. E não são?!
Depois de apresentar essas poetisas tão sensíveis e criativas, eu não poderia destoar. Trouxe-lhes, pois, mais poesia, na coluna Clássicos. E não é de qualquer escritor principiante. Apresento, para quem não conhece, uma amostra do que é capaz de fazer a ganhadora do Nobel de Literatura deste ano. Há quem possa argumentar: “Hertha Muller” não pode ser considerada clássica. É contemporânea”. Bobagem. Quem conquista um prêmio, como este, entra em definitivo para o panteão dos imortais.
No próximo século, podem estar certos, os amantes da boa literatura estarão falando, com reverência, dessa escritora não tão conhecida por aqui e analisando, com lupa, o que ela escreveu. Por que nós, desta geração, não nos antecipamos e começamos a fazer isso?
Finalmente, para encerrar no mais alto estilo esta edição especialíssima, recorri ao nosso precioso e implacável arquivo. Fui buscar o primeiro texto publicado por esse músico, dramaturgo e poeta, Fernando Mariz Masagão, que nos deu a honra, um dia, de ser colunista do Literário e que, por isso, sempre terá franqueada a entrada nesta casa de letras. Dele trago o poema “Dias de sol. Noites de verão”.
Por que essa admiração? Talvez haja quem ache inoportuna minha escolha (sempre há quem coloque reparos no que fazemos), levando em conta que estamos em plena Primavera.
Contudo, esta estação tem se apresentado tão inusitadamente quente, que podemos considerar que se trata de um “verão prematuro”, que chegou antes do tempo e veio para ficar, coisa que só acontece neste magnífico país tropical que, como ressaltei em um editorial anterior, é, por si só, um magnífico poema em permanente elaboração, ao sabor das gerações.
Feitas as apresentações, agora tudo fica por conta de vocês. Só posso desejar-lhes o que lhes desejo de praxe: boa leitura!!!!

O Editor.

Um comentário:

  1. Caro Editor,

    Quando voce me ler aqui, trombeteando sobre a minha agenda de 30 horas que urge caber num dia de 24, saiba que estarei me lembrando de você e dos seus onze gatos. Mesmo que nâo dê comida a eles, nem limpe e nem cuide, só de saber que existem e atentar para o carinho deles, já é muito. Demonstra como é possível dividir bem o tempo, e ainda mostrar sensibilidade em tudo. Admirável!

    ResponderExcluir