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A vã feitiçaria
Por Ledo Ivo
Invento a flor e, mais que a flor, o orvalho
que a torna testemunha desta aurora.
Invento o espelho e, mais que o espelho, o amor,
onde eu me vejo, vivo, num sarcófago.
E a vida, este galpão de sacrilégios,
deixa que eu a invente com palavras
que são dragões vencidos pela mágica.
E não me espanta que eu, sendo mortal,
sujeito à injúria de tornar-se em pó,
crie uma rosa eterna como as rosas
inexistente nesta flora efêmera.
Sonho de um sonho, a vida, ao vento, escoa-se
em vãs lembranças. Minha rosa morre
por ser eterna e o mundo vão.
Por Ledo Ivo
Invento a flor e, mais que a flor, o orvalho
que a torna testemunha desta aurora.
Invento o espelho e, mais que o espelho, o amor,
onde eu me vejo, vivo, num sarcófago.
E a vida, este galpão de sacrilégios,
deixa que eu a invente com palavras
que são dragões vencidos pela mágica.
E não me espanta que eu, sendo mortal,
sujeito à injúria de tornar-se em pó,
crie uma rosa eterna como as rosas
inexistente nesta flora efêmera.
Sonho de um sonho, a vida, ao vento, escoa-se
em vãs lembranças. Minha rosa morre
por ser eterna e o mundo vão.
A rosa pode ter morrido, mas esse poema é imortal.
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