sábado, 8 de agosto de 2009




O dever de estar próximo à verdade

* Por Seu Pedro

Minha incursão pelo jornalismo se deu no Rio de Janeiro, através do humor, no ano de 1966, com colaborações à revista “Urubu”, fundada pelo cartunista Zélio, irmão de Ziraldo. Assim eu, que deveria ser um cidadão comum, me tornei humorista de escrita.

A revista “Urubu” durou pouco. Veio o “AI-5” e encerrou suas páginas na quinta edição. Um ano após, eu já morava em Manaus e, como auxiliar de redação, militava, em uma batida Remington, no batalhão de jornalistas, do “Jornal do Comércio”. Cuidava da coluna Navegação e Cabotagem, que me permitiram editar.

Epaminondas Baraúna, dono do jornal e representante dos Diários Associados no Amazonas, foi um dos meus professores, um guia pela honestidade na notícia. Foi naquela redação que aprendi princípios éticos que não estavam em nenhum código, mas exercidos desde aquele tempo:

“A notícia tem que ser coberta pela maior verdade possível”. Palavras assim foram as que disse em uma ocasião. Noutra, mandou-me consertar a noticia, antes que seguisse para a linotipia, Nela eu literalmente condenava um pai pela morte de um filho, uma vez que vinha dirigindo por logo tempo e foi vencido pelo sono. Capotou e perdeu o filho: “Ele já pagou uma alta pena, não merece que o jornalista o coloque como um criminoso”. Assim aprendi jornalismo.

Em 17 de outubro de 1996 alcança as redações dos jornais o ato de um “Estado de Exceção”, rótulo do Decreto-lei nº. 972, sem votação do Congresso, por meio do qual foi regulamentada a profissão de jornalista no Brasil, e que me garante “direitos adquiridos”.

Assim, não me preocupo com o que escrevo, pois o mantenho ao máximo aproximado do real, como aprendi na escola do Jornal do Comércio, do Amazonas, uma faculdade de jornalismo. Abro hoje um site e me deparo com um artigo sobre a responsabilidade na notícia escrito, pela professora de jornalismo Luisa Galvão Lessa, que recomendo aos meus amigos e “inimigos” que o leiam.

Por isto, sinto-me à vontade para responder a um padre, que me questionou sobre quem me disse sobre a minha ética. Eu posso lhe dizer que são fatos da minha trajetória, iniciados em máquinas de escrever, até chegarmos ao modero computador. Por minha ética eu não faria o que o “Greempeace” fez: um escândalo que prejudicou a vida de toda uma cidade ao dizer que “as águas” estavam contaminadas. Isto antes de levar os fatos a conhecimento das autoridades. Não houve responsabilidade nem da ONG e nem do padre que a apoiou. Faltou-lhes ética? Também por ética, eu não revelaria o nome do “representante” de Deus, se a maioria não soubesse ser o padre Osvaldino Barbosa, vigário de Caetité!

(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.


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