domingo, 12 de julho de 2009




A ilha das sereias

Por Rainer Marie Rilke

Quando os anfitriões, seus bons amigos,
já tarde, ao retornar no fim do dia,
indagavam das provas e perigos
porque passara, ele não sabia

como alertá-los, que palavra rude
ele usaria para reviver
no mar que o azul reveste de quietude,
o dourado das ilhas de prazer

cuja visão faz com que até o perigo
mude de forma: não mais no castigo
e no furor do vento costumeiros;
no silêncio ele atinge os marinheiros,

que sabem que nos pélagos extremos
daquelas ilhas de ouro acha-se o canto;
que ele, às cegas, se agarra aos remos,
sitiados pelo encanto

Do silêncio, como se ele ocupasse
todo o espaço que existe
e a sua outra face
fosse esse canto a que ninguém resiste.

Um comentário:

  1. Rilke! Rilke! Rilke! Esse cara é tão pré-socrático que me emociona sempre. Como é vasto! Tem olhos que viram tudo, tudo!

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