

Endecha
* Por Adélia Prado
Embora a velha roseira insista neste agosto e
confirmem o recomeço estas mulheres grávidas,
eu sofro de um cansaço, intermitente como certas febres.
Me acontece lavar os cabelos e ir secá-los ao sol
desavisada. Ocorre até que eu cante.
Mas pousa na canção a negra ave e eu desafino rouca,
em descompasso, uma perna mais curta,
a ausência ocupando todos os meus cômodos,
a lembrança endurecida no cristal
de uma pedra na uretra.
* Poetisa
* Por Adélia Prado
Embora a velha roseira insista neste agosto e
confirmem o recomeço estas mulheres grávidas,
eu sofro de um cansaço, intermitente como certas febres.
Me acontece lavar os cabelos e ir secá-los ao sol
desavisada. Ocorre até que eu cante.
Mas pousa na canção a negra ave e eu desafino rouca,
em descompasso, uma perna mais curta,
a ausência ocupando todos os meus cômodos,
a lembrança endurecida no cristal
de uma pedra na uretra.
* Poetisa
As peças vão quebrando e não dá para parar e consertar. Parece impossível envelhecer sem pelo menos um pouco de melancolia.
ResponderExcluirDestaco: " a ausência ocupando todos os meus cômodos". Resumo do nada que pode nos acometer em certos dias.