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Casa de poeta
* Por Evelyne Furtado
Amanhecia constantemente na casa da poetisa. Alaranjado brilhante, para ser mais exata, foi a cor da casa de Adélia Prado, durante muito tempo, conforme seu poema “Impressionista”.
Casa de poeta ou coisa de poeta? Não importa. Importa a cor amanhecida e linda. Não sei se me sentiria confortável amanhecendo a toda hora. Minha casa, então, seria azul celeste ao meio-dia. Quando a tarde caísse, eu a pintaria de dourado e me postaria na frente admirada até me dar conta da noite, que nunca falta e até se adianta nessa época do ano.
Com minha falta de jeito, pintaria estrelas destorcidas e uma lua nova no cantinho. Mas, casa colorida é para poetas do porte de Dona Adélia. A minha é revestida de pastilhas sem gracinha, mas bem prática para a manutenção diz o senhor síndico.
Mesmo assim, vejo gente passando na calçada e as árvores que dão sombra à Rua Jundiaí. Ah, se espichar a visão ainda alcanço um rasgo do verde que cobre as dunas que me separam do mar.
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
(Adélia Prado).
(Crônica Inspirada na casa alaranjada de Adélia Prado).
* Poetisa e cronista de Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
Amanhecia constantemente na casa da poetisa. Alaranjado brilhante, para ser mais exata, foi a cor da casa de Adélia Prado, durante muito tempo, conforme seu poema “Impressionista”.
Casa de poeta ou coisa de poeta? Não importa. Importa a cor amanhecida e linda. Não sei se me sentiria confortável amanhecendo a toda hora. Minha casa, então, seria azul celeste ao meio-dia. Quando a tarde caísse, eu a pintaria de dourado e me postaria na frente admirada até me dar conta da noite, que nunca falta e até se adianta nessa época do ano.
Com minha falta de jeito, pintaria estrelas destorcidas e uma lua nova no cantinho. Mas, casa colorida é para poetas do porte de Dona Adélia. A minha é revestida de pastilhas sem gracinha, mas bem prática para a manutenção diz o senhor síndico.
Mesmo assim, vejo gente passando na calçada e as árvores que dão sombra à Rua Jundiaí. Ah, se espichar a visão ainda alcanço um rasgo do verde que cobre as dunas que me separam do mar.
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
(Adélia Prado).
(Crônica Inspirada na casa alaranjada de Adélia Prado).
* Poetisa e cronista de Natal/RN
Se seus textos já são incríveis, imagine inspirados pela Adélia Prado... meu Deus.
ResponderExcluirMaravilha, Veca. Parabéns.
Abeberar-se na fonte de Adélia é saciedade na certa. Daí, a crônica inspirada e altamente poética que vc nos deu esta semana. Talvez a casa não importe tanto. Se é vc quem está lá dentro, isso por si só assegura uma rima rica. Parabéns, Eve.
ResponderExcluirQue beleza de poema de Adélia Prado, e que delícia de crônica ela te inspirou Evelyne. Já te falei e repito, quem mora em Natal e perto do mar, não pode morrer e ir para o céu, pois já mora no paraíso. Aí seria covardia demais com os outros pobres mortais.
ResponderExcluirDestaco: " rasgo do verde que cobre as dunas que me separam do mar". Muito bonito!