sábado, 6 de junho de 2009


Poemas

* Por Jaime Luiz Leitão Rodrigues

I

Defendeu-se da vida.
Morreu de falta
de vida.
Defendeu-se do amor.
Morreu de falta.
Não descobriu a planta,
a flor,
a paisagem.
Morreu de falta de natureza.
Morreu de falta de ar.
Defendeu-se tanto
que até a morte
demorou para querê-lo.
Até a morte
evitou o mais que pôde
contato
com aquele
que nunca se abriu.
Viveu fechado.
Ninguém ousou
penetrar na sua armadura,
para encontrá-lo.

II

Estou concentrado
neste exercício
de palavra e vida.
É um exercício denso
de palavra e tempo.

Há no tempo
dobras onde estão guardados
os séculos e os minutos.

Há no tempo
palavras presas
em suas caixas.

O tempo tem caixas,
arquivos:
nós, apenas uma dobra
do que no tempo
é inteiriço.

* Poeta

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