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Criação de personagens
A etapa essencial da produção de um escritor de ficção (romancista, contista, novelista ou autor de peça teatral) é a criação de personagens. Ou seja, daqueles que irão protagonizar as histórias que têm na cabeça. Quanto mais reais eles parecerem, quanto mais verossímeis forem, maior será a credibilidade e o sucesso do autor. Precisam ganhar vida, ter sentimentos, pensarem e agirem de determinada forma. Mas como fazer tudo isso?
Há vários métodos de criação de personagens, que dependem das preferências e da personalidade de cada escritor. Alguns (creio que a maioria) vão esboçando as pessoas que darão vida às suas histórias à medida que as vão escrevendo. Em geral (e até inconscientemente) tomam por modelos parentes, amigos e conhecidos, aos quais descrevem nos mínimos detalhes.
Outros, também fazem isso, mas transformam por completo essas pessoas tomadas como modelos. Por exemplo, se o sujeito que o inspirou era loiro, fá-lo negro ou mulato; se tinha olhos azuis, muda a cor para o castanho; se tinha cabelos lisos, estes passam a ser crespos; se era corintiano faz com que seja palmeirense ferrenho e assim por diante.
Prefiro o método utilizado por um amigo escritor, que conheci há uns vinte anos e desde então passei a utilizá-lo. Trata-se do estabelecimento de uma “galeria de personagens”. Consiste em observar atentamente as pessoas (na rua, no trabalho, no lazer etc.) e fixar-se, a cada dia, numa determinada, variando sua idade (idosos, maduros, adolescentes ou crianças), seu sexo (homens e mulheres), sua condição social etc. Ao voltar para casa, o desafio é o de descrever, com minúcias, o indivíduo observado, tentando sempre atribuir-lhe determinado perfil psicológico.
Antigamente, fazia isso em um caderno. Com o tempo, estes se multiplicaram e a consulta começou a ficar quase inviável. O que fiz para acabar com essa dificuldade? Passei todos esses perfis para o computador, em uma pasta apropriada de arquivo do word. Agora, quando preciso de um personagem para um conto, ou mesmo um romance, basta dar um clique no mouse e pronto. Tenho diante de mim uma galeria inesgotável de tipos, vivos, reais, de carne e osso e, por isso, verossímeis. Basta escolher os que se adequem ao enredo que tenho na cabeça, “batizá-los” e colocá-los em ação. E continuo colecionando esses personagens que já se transformaram em verdadeira “multidão”, passando de cinco mil. Muitos podem achar isso bobagem. Respeito a opinião de todos. Mas experimentem criar suas próprias galerias para ver que tremendo desafio que é! Mas vale o esforço.
Há escritores (notadamente de contos policiais) que utilizam um mesmo personagem em vários dos seus livros. São os casos de Arthur Conan Doyle, com seus Sherlock Holmes e seu inseparável parceiro Dr., Watson; de Agatha Christie; de Ian Fleming com James Bond (o célebre Agente 007 e assim por diante. Mark Twain fez o mesmo com a dupla Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Emile Zola também, em vários romances, da sua copiosíssima obra, retratou um mesmo personagem em várias fases da vida. O alemão Karl May igualmente recorreu a esse expediente. E poderia citar, ainda, uma centena de escritores mais que procederam da mesma maneira.
O método da “galeria de personagens” traz, ainda, uma série de outras vantagens. Uma é a de obrigar o escritor a ser (sempre) sumamente observador, o que é fundamental em Literatura, para que possa produzir obra consistente e duradoura. A outra é a de propiciar-lhe um treinamento constante, diário, de descrição o que (sem que ele sequer se aperceba) melhora consideravelmente seu texto. O treino é importantíssimo para tudo o que se faça na vida.
Há personagens que “nascem” obscuros, como meros figurantes e que, no desenrolar da história, ganham força e crescem tanto de importância a ponto de rivalizarem com o principal (ou os principais). O oposto também ocorre. Alguns, chegam a ganhar vida, de fato, encarnados que são por atores e atrizes nos palcos e nas telas do cinema e da televisão. E nada é mais gratificante para o autor quando isso acontece, estejam certos. Voltarei, oportunamente, ao assunto.
Boa leitura.
O Editor.
A etapa essencial da produção de um escritor de ficção (romancista, contista, novelista ou autor de peça teatral) é a criação de personagens. Ou seja, daqueles que irão protagonizar as histórias que têm na cabeça. Quanto mais reais eles parecerem, quanto mais verossímeis forem, maior será a credibilidade e o sucesso do autor. Precisam ganhar vida, ter sentimentos, pensarem e agirem de determinada forma. Mas como fazer tudo isso?
Há vários métodos de criação de personagens, que dependem das preferências e da personalidade de cada escritor. Alguns (creio que a maioria) vão esboçando as pessoas que darão vida às suas histórias à medida que as vão escrevendo. Em geral (e até inconscientemente) tomam por modelos parentes, amigos e conhecidos, aos quais descrevem nos mínimos detalhes.
Outros, também fazem isso, mas transformam por completo essas pessoas tomadas como modelos. Por exemplo, se o sujeito que o inspirou era loiro, fá-lo negro ou mulato; se tinha olhos azuis, muda a cor para o castanho; se tinha cabelos lisos, estes passam a ser crespos; se era corintiano faz com que seja palmeirense ferrenho e assim por diante.
Prefiro o método utilizado por um amigo escritor, que conheci há uns vinte anos e desde então passei a utilizá-lo. Trata-se do estabelecimento de uma “galeria de personagens”. Consiste em observar atentamente as pessoas (na rua, no trabalho, no lazer etc.) e fixar-se, a cada dia, numa determinada, variando sua idade (idosos, maduros, adolescentes ou crianças), seu sexo (homens e mulheres), sua condição social etc. Ao voltar para casa, o desafio é o de descrever, com minúcias, o indivíduo observado, tentando sempre atribuir-lhe determinado perfil psicológico.
Antigamente, fazia isso em um caderno. Com o tempo, estes se multiplicaram e a consulta começou a ficar quase inviável. O que fiz para acabar com essa dificuldade? Passei todos esses perfis para o computador, em uma pasta apropriada de arquivo do word. Agora, quando preciso de um personagem para um conto, ou mesmo um romance, basta dar um clique no mouse e pronto. Tenho diante de mim uma galeria inesgotável de tipos, vivos, reais, de carne e osso e, por isso, verossímeis. Basta escolher os que se adequem ao enredo que tenho na cabeça, “batizá-los” e colocá-los em ação. E continuo colecionando esses personagens que já se transformaram em verdadeira “multidão”, passando de cinco mil. Muitos podem achar isso bobagem. Respeito a opinião de todos. Mas experimentem criar suas próprias galerias para ver que tremendo desafio que é! Mas vale o esforço.
Há escritores (notadamente de contos policiais) que utilizam um mesmo personagem em vários dos seus livros. São os casos de Arthur Conan Doyle, com seus Sherlock Holmes e seu inseparável parceiro Dr., Watson; de Agatha Christie; de Ian Fleming com James Bond (o célebre Agente 007 e assim por diante. Mark Twain fez o mesmo com a dupla Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Emile Zola também, em vários romances, da sua copiosíssima obra, retratou um mesmo personagem em várias fases da vida. O alemão Karl May igualmente recorreu a esse expediente. E poderia citar, ainda, uma centena de escritores mais que procederam da mesma maneira.
O método da “galeria de personagens” traz, ainda, uma série de outras vantagens. Uma é a de obrigar o escritor a ser (sempre) sumamente observador, o que é fundamental em Literatura, para que possa produzir obra consistente e duradoura. A outra é a de propiciar-lhe um treinamento constante, diário, de descrição o que (sem que ele sequer se aperceba) melhora consideravelmente seu texto. O treino é importantíssimo para tudo o que se faça na vida.
Há personagens que “nascem” obscuros, como meros figurantes e que, no desenrolar da história, ganham força e crescem tanto de importância a ponto de rivalizarem com o principal (ou os principais). O oposto também ocorre. Alguns, chegam a ganhar vida, de fato, encarnados que são por atores e atrizes nos palcos e nas telas do cinema e da televisão. E nada é mais gratificante para o autor quando isso acontece, estejam certos. Voltarei, oportunamente, ao assunto.
Boa leitura.
O Editor.
Pedro,
ResponderExcluirsinceramente, se eu tivesse que desenhar " personagens" para escrever, escrever para mim, se tornaria um fardo.
O que move a minha criação é a intuição. A história vem na minha cabeça e eu coloco-a no computador. É o meu processo de criação. Nunca tive crise de criatividade. Tenho sim, preguiça de escrever os contos que rondam meu imaginário.
Depois , é claro, quando no caso, o CONTO já está criado, passo para o computador e mudo uma coisa ou outra, mas o principal está pronto.
O que é claro, não invalida sua orientação para os que desejam escrever romances, contos, etc.
PS _ Para quem não sabe, até psicografias,geralmente necessitam de correção. Não é o caso dos meus contos, please !
Que não são psicografias. Deixa eu explicar direitinho ( risos ) .
ResponderExcluirE sim, o que escrevo, apesar de estar pronto na minha mente, necessita de correção e eu leio e releio sempre, mas ás vezes passa alguma coisa. Normal para quem escreve.Acho.