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Quando Teresa chovia
* Por Evelyne Furtado
Teresa choveu dias seguidos. Ora tempestade, ora neblina, ela chovia. A chuva, em determinada época, era tanta que seus ossos tremiam, como tremiam seu queixo, sua fala, sua vida.
Vez ou outra tinha a sensação de que a estação chuvosa havia parado, mas bastava uma pinçada no coração para que suas nuvens produzissem mais chuvas. A chuva de Teresa tinha como matéria-prima sonhos desfeitos, mas caía em doce devaneios também. Continha frustrações, impotência e ira, porém trazia deleites e esperança no seu molhar.
Às vezes Teresa ria de si mesma, vendo-se como uma personagem de gibi que andava com uma chuvinha particular sobre si, pois chovia em casa, no cinema, no carro, no shopping e na rua. Quando sorria era chuva com sol. Casamento de raposa com rouxinol, como dizia sua mãe.
Teresa sentia-se bem quando acordava um dia bonito. Em dados momentos quase foi arco-íris, porém, antes da tarde terminar voltava a chover. Teresa não se conformava em ser chuva e usou métodos diversos para não mais chover. Desenhou sol de farinha, rezou a Santa Clara, chamou São Pedro para uma conversa íntima. Cantou e dançou para estiar.
Aos poucos Teresa, entendeu que a sua chuva era a parte de si que a conhecia melhor. Cada gota vertia um sentimento que nem mesmo ela imaginava existir. A chuva sabia demais por isso Teresa chovia.
Chuva abençoada a dessa moça. Veio como o dilúvio para lhe renovar. Levou o que ela não poderia mais reter, inundou para desencardir e regou sua alma para o plantio. Atualmente Teresa faz calor, faz frio, faz tempo bom e chove nas horas certas para amenizar a aridez que lhe cerca em alguns dias.
* Cronista e poetisa em Natal/RN
* Por Evelyne Furtado
Teresa choveu dias seguidos. Ora tempestade, ora neblina, ela chovia. A chuva, em determinada época, era tanta que seus ossos tremiam, como tremiam seu queixo, sua fala, sua vida.
Vez ou outra tinha a sensação de que a estação chuvosa havia parado, mas bastava uma pinçada no coração para que suas nuvens produzissem mais chuvas. A chuva de Teresa tinha como matéria-prima sonhos desfeitos, mas caía em doce devaneios também. Continha frustrações, impotência e ira, porém trazia deleites e esperança no seu molhar.
Às vezes Teresa ria de si mesma, vendo-se como uma personagem de gibi que andava com uma chuvinha particular sobre si, pois chovia em casa, no cinema, no carro, no shopping e na rua. Quando sorria era chuva com sol. Casamento de raposa com rouxinol, como dizia sua mãe.
Teresa sentia-se bem quando acordava um dia bonito. Em dados momentos quase foi arco-íris, porém, antes da tarde terminar voltava a chover. Teresa não se conformava em ser chuva e usou métodos diversos para não mais chover. Desenhou sol de farinha, rezou a Santa Clara, chamou São Pedro para uma conversa íntima. Cantou e dançou para estiar.
Aos poucos Teresa, entendeu que a sua chuva era a parte de si que a conhecia melhor. Cada gota vertia um sentimento que nem mesmo ela imaginava existir. A chuva sabia demais por isso Teresa chovia.
Chuva abençoada a dessa moça. Veio como o dilúvio para lhe renovar. Levou o que ela não poderia mais reter, inundou para desencardir e regou sua alma para o plantio. Atualmente Teresa faz calor, faz frio, faz tempo bom e chove nas horas certas para amenizar a aridez que lhe cerca em alguns dias.
* Cronista e poetisa em Natal/RN
Choveu foi poesia neste texto de superior inspiração e criterioso emprego de palavras que criam imagens altamente delicadas, femininas. E, quem diria, além de tudo, as mulheres são também meteorológicas! Que coisa, sô! Parabéns, Eve.
ResponderExcluirQuanta poesia, Evelyne !
ResponderExcluirQue linda é Teresa na sua chuva de emoções.
Adorei.
Bjs
Só o título já é um poema, na musicalidade e no ineditismo da imagem que evoca. Do texto então, nem se fala. Seria chover no molhado! Um beijo e parabéns.
ResponderExcluirDaniel, Celamar e Marcelo, adorei ter apresentado Tereza a vocês. Que bom que gostaram, amigos!
ResponderExcluirBeijos e obrigada.
Diga por onde anda essa Tereza, que irei em busca dela sem guarda-chuvas.
ResponderExcluirQue lindo, Evelyne, me lembrou o poema "Caso Pluvioso" do Drummond. Gostei muito.
ResponderExcluirMaravilhoso, Evelyne! Eu conheço a Tereza! Beijos!
ResponderExcluir"Matou a pau", como se diz aí em Natal, e arrancou-me lágrimas. Entre lindo e maravilhoso, prefiro classificar seu texto como esplêndido e perfeito. Evelyne, você não apenas desabrochou,mas fez explodir o seu, o meu, o nosso coração. Parabéns!
ResponderExcluirMurta,Risomar, Sayonara e Mara, que bom ler seus comentários! Beijos e obrigada.
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