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Cinco minutos
Márcia Savino (*)
Ahhhhhhhhhhhhhhhh, estou tão cheia de coisas, de palavras, de pensamentos. E estou, agora, cheia de tempo! Tenho cinco minutos ocos para preencher com algo que pode ser o nada ao cubo, como ver TV, ou pode ser tudo, como escrever o que vem desses pensamentos cultivados no silêncio e ação de um domingo de manhã.
Já são quase duas da tarde e eu espero pronta para sair. Prontíssima! Tão pronta que estou pronta até para escrever, para descarregar as palavras na folha branca à caneta. Verter. O silêncio fica menos in e mais out. O tempo oco, neste minuto, volta a ser pleno, preenchido pelo movimento da mão. Eu volto a ser um ser um pouco mais inteira.
É fato que as palavras que li ontem e hoje, o filme que vi, as noites que dormi são palavras mastigadas em silêncio que produzem massa que produzem bolo que querem sair. Antes de sentar-me aqui – para ver, talvez, TV – eu estava quase embolada, quase sem rumo (embora esteja e estivesse pronta para descer quando o telefone tocar).
As palavras – elas amalucam o simples também, mas isso é apenas uma de suas multifaces e das suas multivertentes.
Eu viro a folha de papel, o que significa que preenchi um lado inteiro da folha branca e quer dizer também que já me desbastei um pouco da angústia disfarçada que eu estava de ter dentro tantas e aparentemente tão desencontradas, ou melhor, tão diversificadas palavras.
Meu filho ligou a TV. O telefone soou no minuto seguinte.
* Jornalista, formada em História e Comunicação. Trabalha, atualmente, na Assessoria de Comunicação da Firjan, Regional Friburgo.
Márcia Savino (*)
Ahhhhhhhhhhhhhhhh, estou tão cheia de coisas, de palavras, de pensamentos. E estou, agora, cheia de tempo! Tenho cinco minutos ocos para preencher com algo que pode ser o nada ao cubo, como ver TV, ou pode ser tudo, como escrever o que vem desses pensamentos cultivados no silêncio e ação de um domingo de manhã.
Já são quase duas da tarde e eu espero pronta para sair. Prontíssima! Tão pronta que estou pronta até para escrever, para descarregar as palavras na folha branca à caneta. Verter. O silêncio fica menos in e mais out. O tempo oco, neste minuto, volta a ser pleno, preenchido pelo movimento da mão. Eu volto a ser um ser um pouco mais inteira.
É fato que as palavras que li ontem e hoje, o filme que vi, as noites que dormi são palavras mastigadas em silêncio que produzem massa que produzem bolo que querem sair. Antes de sentar-me aqui – para ver, talvez, TV – eu estava quase embolada, quase sem rumo (embora esteja e estivesse pronta para descer quando o telefone tocar).
As palavras – elas amalucam o simples também, mas isso é apenas uma de suas multifaces e das suas multivertentes.
Eu viro a folha de papel, o que significa que preenchi um lado inteiro da folha branca e quer dizer também que já me desbastei um pouco da angústia disfarçada que eu estava de ter dentro tantas e aparentemente tão desencontradas, ou melhor, tão diversificadas palavras.
Meu filho ligou a TV. O telefone soou no minuto seguinte.
* Jornalista, formada em História e Comunicação. Trabalha, atualmente, na Assessoria de Comunicação da Firjan, Regional Friburgo.
A saída das palavras antes misturadas organizou seu pensamento e a fez sentir-se melhor. A terapia do dizer encontra paralelo na terapia do escrever. A prova está aqui. Funcionou.
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