domingo, 10 de junho de 2018

Ruptura - Pedro J. Bondaczuk


Ruptura

* Por Pedro J. Bondaczuk

Romper grilhões, fender cadeias,
quebrar o absoluto isolamento,
saltar o fundo fosso de sombras,
para poder desabrochar ao sol...

Decapitar esta angústia imensa,
para que escape do vil cotidiano,
sepultar a onipresente mediocridade
sob doze toneladas de versos.

Pressentir esta presença amiga,
fazer um todo, unindo cada parte,
galgar o cimo pedregoso do Olimpo,
conquistar a vedada torre de marfim.

Face à cruel impossibilidade
de alcançar a desejável compreensão,
optar pela estratégica (suave) fuga
da promiscuidade de emoções.

O amor... Ah! o amor, falsa quimera,
com sete fantásticas cabeças,
sete facetas, sete mentiras,
engodos, farsas e ilusões.

Ah! O amor, da permanente busca,
do diamante de vinte quilates
sepultado sob a grossíssima ganga
de cinco toneladas de escórias.

Ditador cínico e parcial,
farta fonte geratriz de angústia,
pois, no duro, o que existe, no fundo,
é só uma capciosa ilusão.

Horrenda e falsa máscara hipócrita,
mero anseio, simples idealização,
rija cadeia de aço, que tolhe,
espelho dos nossos “id” e “ego”.

O ideal é romper as cadeias
e desabrochar à luz matinal,
participar de algo mais amplo:
do infinito amor universal.

Escapar do monstro mentiroso,
verboso, esquivo, falso, venal,
para conhecer o completo gozo,
de sua posse, permanente e total!

(Poema composto em Campinas, em 13 de março de 1977).


* Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas), “Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53, página 54. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk



Um comentário:

  1. Eu gostei deste poema, que sai de dentro do seu interminável baú de versos.

    ResponderExcluir